De olhos vendados

  • Post category:Notícias
You are currently viewing De olhos vendados
Mostra de fotografia revela olhar diferenciado sobre o mundo
 
Quem passar pelo hall do elevador do Edifício Sede ou pelo hall do 1º andar do Anexo I poderá conhecer a III Mostra de Arte da Pessoa com Deficiência, organizada em comemoração ao Dia Internacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A exposição de fotografias foi organizada pelo programa STF sem Barreiras, que desenvolve ações de inclusão no Tribunal, e tem a participação de João Kulcsár, professor do Centro Universitário Senac-SP.

exposicao_STFsemBarreirasA mostra tem fotos feitas por alunos seus, que possuem deficiência visual, e por servidores que participaram de um workshop e fotografaram de olhos vendados. O material fica exposto até 13 de dezembro.
 
Na abertura realizada, na noite desta sexta-feira (2), o ministro presidente do STF, Cezar Peluso, elogiou o trabalho. “Evidentemente não traduz para nós, que somos dotados de todos os sentidos, todas as dificuldades, mas dá uma certa ideia das dificuldades que eles têm e da capacidade de superar isso e se tornarem, de certo modo, artistas”, comentou.
 
Abaixo de cada fotografia exposta há uma cópia tátil, ou seja, foto que recebe um acabamento especial para ficar com alto relevo, o que possibilita que pessoas que não enxergam possam perceber do que trata a imagem.
 
Antes da abertura, João Kulcsár fez uma palestra na qual abordou o conceito de alfabetização visual, a diferença entre ver e enxergar e o poder da imagem. “Cerca de 70% da nossa percepção é visual, em função disso às vezes a gente deixa de desenvolver outros sentidos, outras percepções”, disse. Ele contou também que seus alunos recebem orientações técnicas sobre manuseio de câmeras, resolução, flash e cores, e que precisam de um educador por perto, pelo menos no início, para descrever os ambientes que serão fotografados. “Eles sabem se a foto ficou boa ou não pelo tom de voz das pessoas, dá para notar se a pessoa está sendo sincera.”
 
Tatiane Marques de Oliveira, estagiária do programa STF sem Barreiras, participou do workshop coordenado pelo professor João. Ela conta que achou estranho inicialmente fotografar com a venda nos olhos, mas depois deixou a imaginação tomar conta. “Quando a pessoa ia descrevendo, eu ia imaginando. Às vezes ela descreve uma coisa que eu talvez nem tivesse visto”, comentou Tatiane, que tem baixa visão.

Fonte: Intranet STF