Reflexões sobre Liderança

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A influência negativa de uma liderança despreparada, na formação e integração de grupos no ambiente de trabalho, como fonte de transtornos emocionais e psicológicos.

reflexoes sobre liderançaDesde que Elton Mayo e seus colaboradores desenvolveram uma nova filosofia de administração, conhecida como Relações Humanas no Trabalho, sabe-se da importância da formação de grupos dentro das organizações e sua influência no comportamento e atitudes de seus integrantes uns sobre os outros.

A partir deste conhecimento, tem sido possível constatar que o nível de produção de um trabalhador é resultante muito mais de sua integração social, do que sua capacidade física ou intelectual, sendo que quanto mais integrado socialmente no seu grupo de trabalho ele estiver, maior será sua disposição para produzir.

Esta conclusão deve-se ao fato de que o homem é um ser social e por isso, vive através das relações que estabelece, necessitando aceitar o grupo o qual pertence, bem como ser aceito pelo mesmo.

Desta forma, no ambiente laborativo, para que o trabalho seja produtivo e de qualidade, é necessário que aquele que o executa preencha alguns requisitos básicos:

– competência técnica e habilidade no que se refere à sua função, o que lhe confere segurança na execução de suas tarefas;

– que se identifique com sua atividade, ou seja, que tenha o perfil adequado ao cargo, o que lhe proporciona gosto pelo que faz; e

– que sinta-se parte do grupo, da equipe, acolhendo e sendo acolhido pelos seus membros, o que leva à satisfação geral.

Mauro Benucci, em seu artigo “A Cultura Organizacional no Cenário Competitivo, afirma que “um profissional satisfeito e incluso em seu grupo, multiplicando as boas práticas, é fator decisivo para o sucesso da organização”.

Sendo assim, para que o profissional sinta-se incluso em seu grupo, torna-se fundamental o apoio da figura do líder, que é o responsável pela manutenção da integração grupal, através da constante mediação que exerce entre seus subordinados, em momentos de conflitos e crises relacionadas tanto aos aspectos do trabalho em si, como às dificuldades de ordem relacional, que são muitas vezes, inevitáveis.

Minha experiência, através da escuta psicológica de funcionários que estão afastados de suas atividades laborais para tratamento de saúde, aponta que muitos transtornos emocionais têm como fator desencadeante justamente a dificuldade de estar inserido no grupo de trabalho, devido aos relacionamentos interpessoais complicados, que por sua vez, geram um clima hostil e negativo, e geralmente, tendo como pano de fundo, uma chefia despreparada para a função que ocupa e que inclusive, por conta disso, torna-se também desencadeadora de dificuldades entre seus subordinados.

Segundo relatos, pequenas atitudes do chefe como:

• agir de forma arbitrária, dispensando um tipo diferente de tratamento para cada um, inclusive criando certos privilégios para alguns, em detrimento de outros;

• chamar a tenção através de indiretas, “alfinetadas”, camuflando alguma intenção, que na verdade fica muito explícita, inclusive na frente de outros colegas;

• excluir um integrante de reuniões ou conversas em que os demais são chamados, sem nenhum tipo de esclarecimento sobre o assunto para o que ficou excluído;

• falar mal de um para o outro, em tom de confidência, mas repetindo esta atitude um por um, até que todos saibam, o que ocasiona intrigas e fofocas entre os integrantes do grupo;

• permitir que um colega que exerça uma influência negativa sobre os demais, devido ao seu comportamento abusivo e arrogante, mantenha o domínio da situação sem nenhum tipo de reprimenda ou limite, fazendo de conta que não vê, para não ter que tomar atitudes que, na verdade, não consegue;

• ser conivente com tratamento desrespeitoso e agressivo de alguns para com outros, sem impedir que isso ocorra,

vai criando um clima confuso, de insegurança, como se ele estivesse sempre jogando, provocando, constrangendo ou agindo sob uma estranha necessidade de testar os limites emocionais de seus subordinados, que por sua vez, sentem-se desprotegidos, acuados e passam a desenvolver sentimentos de mágoa, revolta, desânimo, chegando mesmo a acharem que estão sendo excluídos e/ou perseguidos, afetando assim, a questão dos vínculos que tornam-se frágeis ou mesmo, vão rompendo-se aos poucos.

Esta dificuldade de afiliação e integração com o grupo no qual o sujeito convive a maior parte do seu dia leva ao desenvolvimento de transtornos psicológicos, emocionais e até mesmo físicos, através de somatizações, culminando em muitos casos, na necessidade de afastamento do trabalho para tratamento de saúde.

Assim, percebe-se que a figura do líder no ambiente de trabalho continua sendo determinante tanto como facilitador das relações interpessoais, como também pode ser ele mesmo, através de suas atitudes inadequadas, ou ausentes, o principal responsável pelas dificuldades, conflitos e desintegração de sua equipe.

Whitaker Penteado, em sua obra “Técnica de Chefia e Liderança”, afirma que: “Um grupo medíocre pode exceder-se com um bom líder. Um grupo excelente desintegra-se sob a liderança de um medíocre”; comprovando que mesmo pessoas capacitadas, comprometidas, deixam a desejar sob a influência de uma liderança incompetente.

Jane Aparecida Buzzi Pereira Neves

Fonte: rhportal.com.br/