Esses rituais são símbolos do recomeço do ciclo da vida. Apesar de não acontecer algo sobrenatural na meia-noite do dia 31 de dezembro, a ilusão de que as viradas de ano significam algo grande e bom é universal.
Contudo, a comemoração do ano novo surgiu da maior crise econômica da história da humanidade há milhares de anos, às vésperas de 11.000 a.C., quando o único trabalho era a caça que estava no auge.
Justamente pela prática indiscriminada da caça, a quantidade de animais selvagens disponíveis diminuiu de forma relevante. Para piorar, um miniaquecimento global fez rarear presas melhores como bisões e mamutes (era o fim de uma Era Glacial). A escassez de proteína animal colocou em xeque o modo de vida dos caçadores.
Para solucionar essa crise, em 11.000 a.C., decidiu-se cultivar sementes e esperá-las crescer, afinal era o jeito de obter as calorias que a caça não proporcionava mais.
A nova técnica trouxe uma surpresa: a agricultura permitia sustentar de 10 a 100 vezes mais pessoas no mesmo espaço físico. Os que optaram por esse caminho cresceram e se multiplicaram. Mas eles só conseguiram isso porque inventaram o calendário.
No culto da passagem dos dias esperando as sementes darem fruto, a humanidade descobriu um método para saber as épocas certas de plantar: observar a posição das estrelas e a trajetória do Sol ao longo do ano. Fazer a leitura do céu era tão essencial para a agricultura, que todos os povos aprenderam isso de alguma maneira. Assim dominaram algo que parecia sobrenatural: os ciclos do tempo. Como àquela época a ciência não era tão desenvolvida como hoje, o céu foi tratado como divindade.
O ritual – Esse mesmo impulso de divinizar as coisas levou à felicidade instintiva de se entregar a rituais como pular 7 ondas e que faz a vida parecer feita de ciclos. Na verdade, as colheitas é que são de fato cíclicas. Ao divinizá-las, nossos ancestrais imprimiram na cultura humana a ideia de que a própria vida se renova a cada ano. E a tradição de que se trata do momento mais especial do ano foi transmitida para as crianças. É o momento em que se comemora a sobrevivência da espécie humana. Pelo menos até a próxima grande crise chegar.
A todos, um feliz ano novo!
Fonte: http://super.abril.com.br/cultura/historia-secreta-ano-novo-614960.shtml, com adaptações.
Monalisa Silva
