Advérbio

“Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre! Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos. Por que alguns sentimentos (diga-se de passagem os mais ridículos) demoram tanto a passar? Por que olhar pra ele reaviva esperanças perdidas e suscita lágrimas quentes até então contidas? Por que o cérebro ainda não inculcou no coração que esquecer faz bem à saúde? Por que tudo não pode ser como um bonito filme francês?” Chico Buarque

Como nada dura para sempre, acabou-se o tema verbos. Começamos, nesta semana, a tratar de advérbios, uma classe de palavras especial, em que muito se abriga. Advérbios são, fundamentalmente, modificadores do verbo. Mas não só do verbo: modificam muito mais, de adjetivos a um texto inteiro. Pode ser dêiticos também, como os pronomes. Fazem a diferença entre o sim e o não, o perto e o longe, a certeza e a dúvida. Quanto à colocação na frase, podem ocupar vários lugares. Como diz o dicionário Houaiss, “advérbios são uma classe de palavras de difícil definição pela variedade de comportamentos sintáticos, peculiaridades semânticas, divergências de funções e classificações duvidosas que abrange”.

Para tentar pôr ordem nessa diversidade, a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) diz que há as seguintes espécies de advérbios: afirmação, dúvida, intensidade, lugar, modo, negação e tempo. E o que é a NGB para fazer essa classificação? Clique aqui e descubra.

Quando em uma frase ocorrem em sequência dois ou mais advérbios de modo terminados em “-mente”, junta-se o sufixo apenas ao último deles: “Eu saí rápida e velozmente com minha moto”. Quer saber por que o sufixo se junta aos adjetivos sempre no feminino? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br.

Há os advérbios “bem” e “mal” que podem modificar os adjetivos “mau” e “bom”: “João é um homem bem bom”. Os superlativos são “melhor” (para “bem”) e “pior” (para “bom”). Por que se deve dizer “Ela é a candidata mais bem preparada?” Porque “preparada” é verbo, forma nominal, e só pode ser modificado por advérbio em sua forma pura no superlativo: “mais bem”.

Como a forma de a gramática normativa ver os advérbios é cheia de lacunas, muitos estudos linguísticos modernos ou antigos são feitos nesse sentido. Aqui há um tradicional (p. 191 e seguintes) ou ainda aqui (p. 335 e seguintes). Há uma gramática inteira à sua disposição aqui. Quer um estudo moderno? Disponível aqui (p. 83 e seguintes). Quer estudo da gramática gerativa? Aqui, lá pela página 123.

E se quiser um bonito filme francês, tem-se O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Uma semana modificada!

Carmem Menezes
Revisora de Textos da Secretaria de Comunicação Social