Além de atuar há dois anos na Seção de Serviços Gerais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), José Alves da Silva tem um hobby bem peculiar, o radioamadorismo. Com a prática, o servidor – primeiro radioamador do Brasil – tem a oportunidade de se comunicar com outros profissionais da área, inclusive de outros países.
 |
É detentor de recordes que o certifica como a pessoa que mais possui números de indicativos de chamadas e de sufixo no mundo. O indicativo de chamadas varia de acordo com a localidade do radioamador e é concedido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Já o número de sufixo é escolhido pelo próprio usuário. Em Brasília, José Alves, conhecido no mundo inteiro por “Jota Jota”, é identificado por outros radioamadores pelo código PT2JFK. José escolheu o sufixo JFK por ser fascinado pela história do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy. “Até os meus carros têm placas JFK”, completou. |
Pode-se dizer que esta prática é um meio para conhecer novas pessoas e outras culturas, além de ser uma forma de o cidadão operar uma estação de rádio, devidamente autorizada, sem fins comerciais. Segundo o servidor, radioamadorismo é o mesmo que “entrar em uma sala de bate-papo todos os dias para conversar com os colegas ao redor do mundo”.
No radioamadorismo há um sistema de categorias para definir o conhecimento de cada um, que vai de D a A. José Alves possui a categoria A, a mais alta. Esta categoria permite-lhe comunicar-se com pessoas de vários países, mas para possuí-la precisa, antes, provar seus conhecimentos em telegrafia, eletrônica e eletricidade. Como não fala outros idiomas, as amizades que ele mantém mundo afora são sustentadas pela comunicação por telegrafia; mais conhecida como Código Morse. “Essa é a vantagem do rádio amador. O Código Morse é uma linguagem universal”, acrescentou.
| A paixão pela comunicação começou ainda cedo, aos oito anos. Nesta época, “Jota Jota” morava no interior do Ceará. Perto de sua casa havia uma estação de trem, onde ele amadurecia sua habilidade como comunicador. “Eu, meus primos e meus irmãos usavam um carrinho sob os trilhos para ir buscar água e sempre um de nós ficava escutando a telegrafia para saber a distância do trem. A telegrafia já me encantou naquela época”, disse. |  |
Muito além da diversão, o papel social também está presente entre os adeptos desse hobby. José Alves, com o apoio de outros radioamadores, trabalhou como voluntário em calamidades públicas, como as enchentes em Santa Catarina, Maceió e Pernambuco. Os adeptos do radioamadorismo no Brasil trabalham em conjunto com Defesa Civil, Cruz Vermelha e outras entidades. Para ele, “os radioamadores são os únicos credenciados a entrar em qualquer frequência nos momentos de emergência, até mesmo na aviação, na polícia e nos bombeiros. Entramos em cena, sobretudo quando ocorrem falhas ou cortes nos sistemas de energia, telefone e internet”.
O servidor é o primeiro radioamador do Brasil e do mundo a obter 32 indicativos de chamada. Ele obteve o primeiro indicativo em 1977. Depois do primeiro, não parou mais. “Para homenagear amigos que tenho pelo país, tirei um indicativo em cada estado”, ressaltou. Fora os 27 indicativos, ele possui mais cinco nas ilhas oceânicas brasileiras: Fernando de Noronha, Penedo de São Pedro, Trindade, Martin Vaz e Atol das Rocas.
LC/GB/DA