Complexidades da adoção sob análise

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“Encontros e Desencontros da Adoção no Brasil: uma análise do Cadastro Nacional de Adoção do CNJ” é o nome do documento elaborado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ) em que é feito minucioso retrato dos problemas que envolvem o tema. O trabalho está em processo de revisão e diagramação na Coordenadoria de Comunicação Institucional para ser disponibilizado ao público.

A partir da análise dos dados disponíveis no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), foi possível coletar e cruzar dados importantes para traçar os dilemas que abraçam as crianças e os adolescentes aptos à adoção. A idade, por exemplo, é o principal motivo de desencontro entre as preferências do pretendente. Nove em cada dez deles desejam adotar uma criança entre zero e cinco anos, mas essa faixa etária corresponde a apenas nove em cada 100 crianças disponíveis nos abrigos.


Ao contrário do que se poderia prever, variáveis como raça e sexo não são tão significativas para provocar os chamados “desencontros” identificados, quanto à idade máxima definida pelo pretendente, cujo perfil é composto por maioria de casados (79,1%) que não possuem filhos biológicos (75,5%) e têm entre 40 e 49 anos (40,8%). De acordo com o CNA, 85% dos pretendentes residem nas regiões Sudeste e Sul.

Outra disparidade que merece destaque é em relação ao sexo da criança e/ou do adolescente apto à adoção. Na região Sul, 64% dos pretendentes se mostram indiferentes ao sexo da criança, ao passo que, na região Norte, o índice fica em 42%. O estudo também aponta que 2,7% das crianças e dos adolescentes aptos à adoção são portadores do vírus HIV. Entretanto, o índice de pretendentes que aceitam adotar crianças e/ou adolescentes nessas condições é 30 vezes maior. Sendo assim, não há descompasso.

O levantamento conclui que os pretendentes tendem a privilegiar apenas um único critério para a adoção. O modelo estatístico demonstrou que não é usual a definição de uma série de preferências (restrições), mas, sim, que existe um critério determinante: a idade. Isso significa que pretendentes que estão nos dois extremos – aqueles que querem adotar somente bebês até um ano de idade ou que aceitam adotar crianças acima dos cinco anos – costumam ser flexíveis em relação aos demais critérios, como cor, raça e sexo.

Luciana Assunção