Dois artigos que li recentemente ressaltam um importante aspecto no desenvolvimento das habilidades criativas: a criatividade como uma atividade social, uma interação com a comunidade a que pertencemos.
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O primeiro artigo, de Michael Michalko, menciona importante observação feita pelo físico David Bohm, quando pesquisando as vidas de Einstein, Heisenberg, Pauli e Nils Bohr. Estes notáveis cientistas tiveram um hábito em comum: realizar reuniões com seus colegas para troca de ideias sobre seus trabalhos e descobertas. Eles conversavam num clima de camaradagem, trocando ideias sem tentar mudar as atitudes uns dos outros e sem argumentações agressivas. Eles se sentiam à vontade para propor o que lhes vinham à cabeça e prestavam atenção às opiniões dos outros, estabelecendo um extraordinário clima de camaradagem profissional. Esta liberdade de dialogar sem riscos e constrangimentos resultou em notáveis avanços científicos. |
Por outro lado, muitos outros cientistas promissores que, por ciúmes, desconfiança ou insegurança, se envolveram em controvérsias menores com seus colegas, acabaram por não produzir nada de importante.
Einstein e seus colegas ilustram o enorme potencial do pensamento colaborativo, a noção de que uma colaboração aberta e honesta ajuda o desenvolvimento do raciocínio inventivo. Para ser eficaz, esta conversa deve seguir três princípios adotados desde a época de Sócrates:
Estabeleça o diálogo: realize um intercâmbio de ideias sem tentar mudar a mente da outra pessoa. As regras básicas do diálogo são: Ouça atentamente, não discuta e não interrompa.
Clarifique seu pensamento: suspenda todas as suposições não testadas e tente manter uma perspectiva imparcial. A tomada de consciência e a suspensão de suas suposições possibilitam que seu pensamento flua com mais liberdade, sem bloqueios.
Seja honesto: diga o que você pensa, mesmo que suas ideias sejam controversas.
O outro artigo, de Leslie Evans, trata do trabalho de Lawrence Lessing, professor da Universidade de Stanford, sobre a necessidade de mudanças no conceito de copyright na era digital. Lessing observa que Mickey Mouse e outras famosas criações de Walt Disney são adaptações criativas de personagens e contos que já existiam. Ele define o que chama de “Criatividade Disney”, ou seja, a habilidade de pegar a cultura em sua volta, juntar a ela seu esforço criativo e gerar algo valioso para os outros. É a expressão da criatividade pela construção de algo baseado na cultura coletiva.
Em resumo, a criatividade é uma atividade eminentemente social. A inovação não resulta de um ato individual e isolado, mas da interação do indivíduo com a sociedade, extraindo dela sua cultura, seus conhecimentos e seus ensinamentos. Neste processo, o diálogo num ambiente de camaradagem tem um papel fundamental na geração e maturação das ideias inovadoras.
Fonte: http://criatividadeaplicada.com
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Texto reproduzido pelo Supremo em Dia
