Substantivo é a palavra com que designamos ou nomeamos os seres em geral. Classifica-se como concreto e abstrato, próprio e comum e coletivo. Flexiona-se em número e gênero, que se subdivide em epiceno, sobrecomum e comum de dois gêneros. Na sintaxe, emprega-se como sujeito, predicativo, objeto, complemento, adjunto adnominal, agente da passiva, aposto e vocativo.
Ufa! Ele é tudo isso. Por isso causa tanta preocupação nos falantes de uma língua. Ele é tanta substância que há um texto chamado “Dona de Casa”, de Carine Vergas, escrito só com substantivos:
Sol. Bom-dia, dentes, filhos, uniforme, merenda, café, carro, escola, carro, supermercado, carne, pão, banana, refrigerante, alface, cebola, tomate. Carro, casa, cama, lençol, travesseiro, colcha, roupa, lavanderia, máquina, sabão, sala, almofada, pano, pó, cortina, tapete, feiticeira. Banheiro, descarga, balde, água, desinfetante, toalha molhada, lavanderia, arame, prendedor. Cozinha, pia, tábua, faca, panela, fogão, bife, arroz, molho, feijão, salada, mesa, toalha, pratos, talheres, copos, guardanapos, carro, escola, filhos, carro, almoço, mesa, pia, louça, armário, fogão, piso. Televisão, jornal, filhos, tema, lanche, leite, nescau, pão, margarina, banana, louça, pia, armário. Carro, filhos, natação, futebol, mensalidade, espera, revista, filhos, carro, casa. Vizinha, conversa rápida, lavanderia, arame, roupas, agulha, linha, camisa, calça, ferro de passar. Janta, marido, filhos, sala, televisão, família reunida, dinheiro, discussão, cozinha, mesa, louça, pia, armário. Filhos, sono, escova, creme dental, cama, beijo, durmam com os anjos. Portas chaveadas, janelas fechadas, banho, sabonete, água, toalha, creme no corpo, camisola, renda, escova, cabelo, perfume, dentes limpos, cama, marido, sexo, sono, boa-noite, Lua. (http://www.pucrs.br/gpt/substantivos.php)
Deu para imaginar a cena?
Destaque para a flexão de gênero, aquela em que o substantivo masculino não é marcado e o feminino o é. Então, menino/menina. E também homem/mulher, bode/cabra. Mas há os substantivos epicenos, em que o gênero gramatical é só um, para marcar um e outro sexo, como a mosca, a cobra. Diz a gramática que “Quando há necessidade de especificar o sexo do animal, juntam-se as palavras macho e fêmea”.
Você já se perguntou o porquê dessas diferenças na marcação morfológica do gênero dos substantivos? Fique sabendo: a língua é um bem cultural de um povo e registra, nas palavras, o que é importante para ela e diferencia com muita clareza a importância das coisas do mundo. Assim, substantivos como menino/menina nomeiam seres que precisam ser discriminados, mas, em muitos contextos, tanto faz. A prova é que existe a palavra “criança”, substantivo sobrecomum. Quando o masculino e o feminino são formados por radicais diferentes, como homem/mulher, pai/mãe, carneiro/ovelha/cordeiro, galo/galinha/pintinho, isso indica o quanto é importante para os falantes daquela língua essa distinção. Se você tivesse uma granja, seria fundamental saber quem é galo e quem é galinha. Se você tivesse de escolher, você mataria primeiro o carneiro ou a ovelha? Por fim, imagine-se na floresta. Faz alguma diferença saber se é uma onça ou “um onço” que fareja você? É relevante saber se você admira uma borboleta ou “um borboleto”?
Para saber mais, com música:
http://letras.mus.br/tiago-modesto/1915132/
http://letras.mus.br/aborto-eletrico/1322646/
http://letras.mus.br/lia-sabugosa/1878949/
http://letras.mus.br/elis-regina/91038/
Até a próxima segunda! Espero seu email em dicasdeportugues@cnj.jus.br
Carmem Menezes
Revisora de Textos da Secretaria de Comunicação Social
