Na semana passada, apresentamos outro instrumento de comunicação escrita, presente não só no dia a dia do trabalho, mas também na vida escolar, condominial, religiosa: relatório. Nesta semana, já pensando nos turistas portugueses que virão acompanhar sua equipa em junho, aqui em Brasília, vamos tratar das diferenças lexicais entre a língua portuguesa do Brasil e a de Portugal.
No processo histórico de formação de uma língua, vários fatores têm interferência e podem levar a diferenças significativas na forma como a mesma língua é empregada por falantes separados por um oceano. Assim, brasileirismo é todo fato linguístico peculiar à variedade brasileira, criado aqui, por influência regional. Pode ser fonético, morfológico, sintático, lexical e semântico. O foco desta coluna é o lexical e o semântico.
Por influência principalmente das línguas indígenas presentes no Brasil, existe grande quantidade de brasileirismos relacionados à flora e fauna e aos alimentos, afinal, foram os índios que apresentaram aos portugueses: “capim, cupim, caatinga, capivara, tatu, sagui, abacaxi, mingau, moqueca”. Há também brasileirismos de origem africana, como “vatapá, acarajé, caçula, cafuné, moleque”. Aqui não mora o problema: como o português pode não saber o que essas palavras significam, basta ensiná-lo. O problema mora nos brasileirismos semânticos.
Os brasileirismos semânticos consistem das mesmas palavras com significados distintos ou de palavras diferentes com os mesmos significados. Constituem universo muito propício às confusões, aos desentendimentos e às eventuais anedotas. Assim, por exemplo, “cangaço” é o luta armada no sertão no Brasil e o resíduo de uvas, em Portugal; e “calçada” e “passeio” nomeiam o caminho pavimento para pedestres.
Vamos a outros exemplos do universo do futebol, para ninguém fazer feio no estádio, na ordem português do Brasil/português de Portugal: esporte/desporto; gol/golo; goleiro/guarda-redes; zagueiro/defesa; time/clube; cobrança de escanteio/pontapé-de-canto; gol-contra/autogolo.
E, agora, palavras de áreas diversas, na mesma ordem: açougue/talho; furadeira/ berbequim; fone de ouvido/auscultador; dedo duro/bufo; pernilongo/melga; isopor/esferovite; esmalte/verniz; babaca/parvalhão; ponto de ônibus/paragem de autocarro; calcinha/cueca; pão francês/cacetinho; menino/puto; trem/comboio; atacadista/grossista.
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Por fim, para você não achar que só antigamente havia criação de palavras com significados novos, um artigo de uns dez anos atrás apresenta como brasileirismos recentes usados na publicidade: “boitatá, cheque especial, trio elétrico, telenovela”. Mais detalhes neste breve e interessante artigo.
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Uma semana de força e fé!
Carmem Menezes
Revisora de Texto da Secretaria de Comunicação Social
