Classificação de orações coordenadas

Nesta semana, continuamos a discussão iniciada na semana passada sobre coordenação. Dissemos que a parataxe é uma forma de organização dos sintagmas em que os termos ocorrem lado a lado, sem que um exerça função sintática em relação ao outro. Para esta semana, como já foi anunciado, fica a classificação das orações coordenadas.

 

A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) diz que são cinco tipos de orações coordenadas: aditivas, adversativas, alternativas, explicativas e conclusivas. Foi assim que aprendemos na escola. E provavelmente até aqui. Mas, na língua, assim como na vida, há um vai e vem infinito, e as análises podem chegar a conclusões distintas da premissa original. Como a NGB apenas nomeia, sem definir, há estudiosos que, após profunda análise, concluíram pela existência de três ou de dois tipos de orações coordenadas sindéticas, e não cinco.

Primeiro a unanimidade. Depois o contraditório. Por fim, a novidade.

É unânime que há aditivas e adversativas entre as orações coordenadas. São conjunções aditivas “e, nem”, que somam orações, sem ideia subsidiária. São conjunções adversativas “mas, porém, senão”, que contrapõem o conteúdo de uma oração ao de outra expressa anteriormente. Importante é o destaque ao “mas” que, de advérbio latino, é empregado como marcador discursivo, conectivo textual, operador argumentativo, além de conjunção coordenativa, na língua portuguesa atual.

O contraditório refere-se às coordenadas alternativas, em que o conteúdo de uma oração é contraposto ao de outra e um deles é excluído, ou seja, se um se realizar, o outro não se cumprirá. Há autores que dizem que ocorrem em orações correlatas, ou seja, não ocorrem em orações coordenadas.

A novidade envolve as orações explicativas e as conclusivas. Tanto Bechara (gramático tradicional) quando Castilho (linguista moderno) concordam que ambas não existem. O gramático justifica sua escolha pela “lição antiga na gramaticografia de língua portuguesa” e afirma que há advérbios que marcam relações textuais, sem função de conector. O linguista agrupa-as com as subordinadas. Assim, a distinção mui famosa entre explicativa e causal – muito discutida aqui e aqui – não existe. Um exemplo que escancara essa questão, retirado de Castilho: 

– A rua está molhada porque choveu. – oração causal, na ordem direta.

– Choveu, porque a rua está molhada. – seria uma oração explicativa? A ordem mudaria a classificação?

Para estudar mais sobre isso, há a Moderna Gramática Portuguesa, de Bechara, e a Nova Gramática do Português Brasileiro, de Castilho. E um artigo, ainda da fase de transição teórica, de Travaglia.

Quer conversar mais? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br.

Uma semana sem sustos!

Carmem Menezes
Revisora de Texto da Secretaria de Comunicação Social