Além da classificação sintática dos verbos, como intransitivos, transitivos e de ligação, é possível classificá-los segundo critérios semânticos, que digam respeito ao significado que têm em certas orações. É pelo estudo do comportamento dos verbos na oração que se analisa a ocorrência da ação e da qualidade ou o modo de ser do sujeito; é o verbo que seleciona quem ou o quê pode ocorrer como sujeito ou como complemento. Exemplo: o verbo engravidar só pode ter como sujeito um substantivo feminino e humano: Maria engravidou. Nunca ocorrerá Paulo engravidou. Isso não existe na língua portuguesa. Para os animais, existe ficar prenha.
Parte-se do princípio de que é necessário conhecer a predicação de cada verbo; se intransitivo, transitivo ou de ligação.
Os verbos transitivos e os intransitivos, também denominados verbos significativos ou plenos, possuem um significado lexical e têm propriedade de seleção semântica e sintática, isto é, determinam o número e o tipo do complemento. Exemplo: na oração A pedra precisa de tratamento, a noção de ajuda, necessidade, que o verbo precisar carrega impede a relação entre tratamento e pedra. Somente algum contexto muito específico é que tornaria essa oração realidade na fala dos brasileiros.
O verbo ir, por exemplo, apresenta complementação, pois quem vai, vai a algum lugar, porém lugar é uma circunstância e não uma complementação, como pode parecer. Trata-se de um verbo intransitivo. Veja o exemplo: A seleção brasileira vai ao exterior para mais um amistoso.
Diferentemente, em Quando entrei no elevador, observei uma mãe, com uma criança no colo, que comentava: – Minha filha CRESCE feliz, ocorre um predicativo do sujeito (feliz) com verbo intransitivo (cresce).
Agora veja um exemplo de verbo de ligação: Os acusados ANDAM preocupados (indica o estado em que eles se encontram).
Diferentemente, este exemplo, em que o mesmo verbo não é mais de ligação e, sim, intransitivo: O julgamento ANDA depressa(indica a ação de como prossegue o julgamento).
Carmem Menezes/Deusirene Amorim
Fonte: COSTA, José Maria da. Manual de redação profissional. 3.ed. Campinas, SP: Millenium, 2007.
