Continuando o assunto da semana passada – adjetivos –, trataremos de um ponto em que uma gramática tradicional repete a tradição e deixa de incorporar avanços advindos dos estudos linguísticos. Erra, portanto.
Está lá, no tópico Flexão dos Adjetivos: “Como os substantivos, os adjetivos podem flexionar-se em número, gênero e grau”. Assim, se o substantivo que o adjetivo acompanha está no masculino plural, o adjetivo também estará no masculino plural: “meninos inteligentes”. A flexão de gênero (masculino e feminino) e a de número (singular e plural) são exigidas pela natureza da frase, e os morfemas que a marcam são regulares e sistemáticos. Além disso, o falante não pode escolher usá-los ou não, se quiser falar a língua portuguesa padrão.
Por outro lado, o adjetivo com grau diferenciado não concorda necessariamente com o substantivo. Então, “meninona lindona” é tão possível quanto “menina lindona” ou “meninona linda”. Assim, no grau, há derivação, caracterizada por morfemas irregulares e assistemáticos, não exigidos pela natureza da frase – mas fruto da liberdade do falante de acrescentar nuanças significativas – e absolutamente opcionais.
Então, da próxima vez em que você concordar com alguém, diga corretamente: “Concordo com você em gênero de número”.
Os adjetivos têm dois graus: comparativo e superlativo. Os mais interessantes são o superlativo em -íssimo e aqueles que recuperam a forma em latim da palavra, como também ocorre em outros contextos, como o “libérrimo” da semana passada.
Destacam-se os adjetivos cujos comparativos e superlativos são, respectivamente, especialíssimos: bom/melhor/ótimo; mau/pior/péssimo; grande/maior/máximo, pequeno/menor/mínimo. Pergunta-se: por que está errado dizer “ela é a candidata melhor preparada”?
Quer saber mais? Estudos de filologia tradicional e ou estudos de gramática gerativa.
Dúvidas, reclamações, concordâncias? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br.
Uma semana superlativa!
Carmem Menezes
Revisora de Textos da Secretaria de Comunicação Social
