As três classes de palavra de que tratamos desde fevereiro são bem interessantes: substantivos e adjetivos carregam muito da capacidade de significação da língua e da construção de sentidos. Já os artigos apresentam função majoritariamente gramatical, auxiliando adjetivos e substantivos a expressarem o pensamento do falante.
Os pronomes – classe de palavra que nos acompanha pelas próximas cinco semanas – são diferentes dos anteriores. Muitos dos pronomes têm a capacidade distintiva dessa classe: são dêiticos, palavras que, em si mesmas, se referem à situação em que o enunciado é produzido, ao momento da enunciação e aos atores do discurso.
O que quer dizer ser dêitico?
Ser dêitico significa que, quando um falante diz “Isso é meu; entregue-o a mim”, praticamente toda a referência significativa da frase é construída no momento da enunciação. Assim:
– Isso: refere-se a algo não determinado, que está próximo à outra pessoa com que a pessoa que disse a frase está falando;
– meu: indica a relação de posse que há entre o objeto não determinado e a pessoa que está falando;
– o: indica que o objeto não determinado que será entregue à pessoa que está falando é o mesmo a que se referiu;
– mim: indica que a pessoa que receberá o objeto não determinado é a mesma que está falando.
Assim, se X estiver falando com Y sobre W, a frase poderia ser reescrita da seguinte forma: W é de X; Y entregue W a X. Essas incógnitas são totalmente relacionadas ao momento da enunciação e aos atores do discurso em um instante T. Se T mudar, X, Y, W também podem se modificar.
Muito bom, não?
Então, aguarde e acompanhe esta coluna. Você já sabe que ênclise, próclise e mesóclise; usos do “por que” e do “que” e, também, “este/esse” são os próximos desafios a serem enfrentados.
Se tiver dúvida quanto a isso, escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br.
Uma semana hercúlea!
Carmem Menezes
Revisora de Textos da Secretaria de Comunicação Social
