Quando o português se junta à matemática

Novo mês, nova classe de palavras, um pouco de outra área do conhecimento… Se é preciso que a “coisa” exista no mundo antes de ser registrada e significada na língua, muitas pedrinhas tiveram de ser agrupadas até que os árabes resolvessem inventar uma representação exclusiva para as quantidades e que também ajudasse na hora de fazer contas. Essa história da matemática está bem contada em vídeo aqui.

Na gramática da língua portuguesa, a classe de palavras dos numerais aparece separada das outras, mas bem poderia estar junto aos outros nomes, os adjetivos e substantivos, com os quais compartilha a capacidade de ser núcleo de sintagma. Numerais indicam a quantidade exata de pessoas ou coisas ou assinalam o lugar que elas ocupam em uma série. São eles:

– cardinais: 1, 2, 3, 4 etc.

– ordinais: 1.º, 2.º, 3.º, 4.º etc.

– multiplicativos: duplo, triplo, quádruplo etc.

– fracionários: um terço, metade, um quarto etc.

Quanto aos cardinais, há flexão de gênero em “um/uma” e “dois/duas” e também em “ambos/ambas”. Lembre que “ambos” substitui o “dois” e só pode fazer referência a duas coisas. Na concordância, vale o número que está à esquerda da vírgula: 1,3 bilhão, 2,9 milhões. Tanto faz usar “catorze” ou “quatorze”.

Todos os ordinais variam em gênero e número. A forma latina “primo” conserva-se, hodiernamente, em palavras como “obra-prima” ou expressões como “números primos”. Os ordinais são usados na designação de papas, soberanos, séculos e partes de obra até o décimo apenas; depois, são os cardinais, como, por exemplo: “Dom Pedro I” (primeiro), “João Paulo II” (segundo), “século III” (terceiro), “Bento XVI” (dezesseis). Em artigos de leis, decretos e portarias, deve-se usar o ordinal até o nono apenas: “art. 1.º”, “artigo 9.º”, “artigo 10”.

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando equivalerem a substantivos ou flexionam-se quando funcionam como adjetivos.

Quanto aos fracionários, importante destacar que “meio” concorda com o seu referente, por exemplo: “três quilos e meio de carne” ou “três léguas e meia”. Portanto, é correto apenas “meio-dia e meia”, com hífen e a elipse de “hora”.

Por fim, lembramos que há algarismos arábicos e romanos para representação de numerais. Você ainda lembra que número é XCIX? Ou ainda MCMLXXXVII? Quer aprender números em outras línguas? Veja aqui.

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Uma semana bem contada!

Carmem Menezes
Revisora de Textos da Secretaria de Comunicação Social