
Neste mês de setembro, vamos falar dos dicionários que nos ajudam a compreender com mais especificidade elementos da nossa língua sobre os quais temos dúvida ou sobre algo inimaginável até então.
O primeiro deles é o “Dicionário de Questões Vernáculas”, de Napoleão Mendes de Almeida. Falecido em 1998 aos 87 anos de idade, Napoleão foi gramático, filólogo, professor e defensor incondicional da língua portuguesa padrão tradicional. Teve, durante décadas, uma coluna sobre língua portuguesa publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, e o “Dicionário de Questões Vernáculas” é a compilação do que foi publicado pelo jornal.
O que é “vernáculo”? Vem do latim vernaculum: era uma qualificação dada ao escravo nascido na casa do senhor. Por extensão, passou a significar “próprio do país”, “nascido no país”. Então, “questões vernáculas” são questões próprias da nossa língua no Brasil.
Algumas dicas ficaram marcadas no tempo e perderam utilidade, como saber se o correto é “TV em cores ou a cores” em lugar de “TV em preto e branco”. Também temos de considerar que, quase 100 anos depois, os estudos científicos da linguagem apontam caminhos diferentes dos propostos por Napoleão, como se pode ver aqui. Também tem a questão da grafia, que vem se modificando. Feitas essas ressalvas, este livro, esgotado e disponível apenas em sebos, ainda pode contribuir com o nosso aprimoramento em língua portuguesa e a visão crítica de alguns fatos da nossa língua. Sendo um dicionário, os verbetes estão em ordem alfabética e nessa ordem os seguiremos neste mês:
– à beça: locução de significa “muito, em grande quantidade, à bruta”; exemplo: Trabalhei à beça ontem.
– a carga cerrada: locução que significa “de um jato, sem exame nem distinção, por atacado”; exemplo: A Câmara votou a carga cerrada os projetos do governo.
– a chucha caladinha: locução que significa “dissimuladamente”; exemplo: Vamos desfrutar a chucha caladinha nosso feriado.
– a colação: locução que significa “a propósito”; exemplo: Isso vem a colação.
– a desoras: locução que significa “fora de horas, fora de tempo”; exemplo: A amante ligou a desoras.
– a furta-passo: locução que significa “cautelosamente”; exemplo: O vizinho saiu a furta-passo.
– a granel: locução que significa “em monte, às soltas”; exemplo: Os grãos são vendidos a granel.
– a lufa-lufa: locução que significa “a pressa, rapidamente”; Os nubentes saíram a lufa-lufa da festa.
Que tal?
Sempre à disposição pelo e-mail dicasdeportugues@cnj.jus.br.
Um mês florido!
Carmem Menezes
Revisora de Texto da Secretaria de Comunicação Social
