
Começamos o mês exercitando o que já sabemos – ou não – sobre a regência correta de alguns verbos. A grande surpresa dos exercícios da semana passada, para muitos, foi a regência do verbo “abdicar”: transitivo direto. Exemplo: O rei abdicou a coroa em seu filho. E o que é mesmo regência?
Regência significa comando, direção, governo; no âmbito da gramática, regência faz referência à subordinação que existe entre os termos da oração. Substantivos regem artigos, numerais, pronomes adjetivos e adjetivos e estabelecem com eles relações de flexão de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural).
Alguns nomes exigem um tipo de complementação de sentido, absolutamente necessária; daí surge a regência nominal, por vezes tão variada que há dicionários específicos de regência nominal, como o de Celso Pedro Luft. Neste dicionário, aprendemos que o adjetivo “agradecido” tem dois complementos regidos pela preposição “a” e “por”; que o substantivo “trama” rege “contra” e “para”; que “prevalência” rege “sobre”; e por aí vai. Vale a consulta. Pena que não exista versão on line. Exemplos:
– João estava agradecido à sua mãe pelo apoio.
– A trama contra os funcionários deu certo.
– A prevalência desse estudo sobre os outros explica muitas questões.
Para consultar como referência, há os dicionários de regência, tanto de Celso Luft quanto de Francisco Fernandes, e também as gramáticas normativas tradicionais – como a de Bechara, Celso Cunha e Napoleão –, que reservam páginas para tratar desse assunto. Na internet, aqui há lista de verbos e informações sobre regência.
Vamos à lista:
1) Chamar
– “fazer vir, convocar” – sem preposição: “Chamei-o para uma conversa”
– “invocar” – com preposição: “Os fiéis chamaram por Deus”
– “apelidar” – sem preposição: “Chamaram-no baixinho”
2) Esquecer
– “sair da lembrança” – com preposição e pronome: “Esqueceu-se de tudo” OU sem preposição e sem pronome: “Esqueceu tudo”. Não pode haver cruzamento dessas possibilidades.
3) Implicar
– “acarretar” – sem preposição: “A resolução implicará mudanças aqui”
4) Importar
– “trazer, ter com consequência” – sem preposição: “As ideias importavam a realização da festa”
– “atingir o total de” – com preposição “em”: “As despesas importam em 100 mil reais”
– “dizer respeito, interessar” – com preposição “com”: “Não me importo com isso”
5) Obedecer
– “submeter-se à vontade de alguém” – com preposição: “Nós obedecemos às regras”
6) Presidir
– “ocupar a presidência” – com ou sem preposição “a”: “Presidir ao CNJ” ou “Presidir o CNJ”
Ficou com dúvida? Quer perguntar? À disposição pelo e-mail dicasdeportugues@cnj.jus.br.
Uma semana festiva!
Carmem Menezes
Revisora de Texto da Secretaria de Comunicação Social
