
Na semana passada, tratamos de verbos modais, ou seja, verbos que dão características aos verbos principais. Na semana anterior, João Ubaldo Ribeiro mostrou-nos uso com qualidade da nossa língua em uma crônica. Para a próxima semana, descanse na segunda e prepare-se: vêm exercícios por aí! E, nesta semana, nosso assunto é sintaxe de colocação.
Em língua portuguesa, assim como nas demais línguas românicas, predomina a ordem direta, qual seja:
Sujeito + verbo + objeto direto + objeto indireto + adjunto adverbial (nem todos são obrigatórios em todas as orações)
Ou
Sujeito + verbo + predicativo
Essa é a preferência. Mas a inversão da ordem direta é muito comum e, normalmente, sujeita às necessidades discursivas ou estilísticas, por exemplo, nas orações interrogativas, nas orações reduzidas, nas orações com voz passiva pronominal. No caso da voz passiva pronominal, o fato de o verbo vir anteposto ao sujeito acarreta frequentes problemas de concordância; por exemplo “Buscou-se soluções rápidas” (ERRADO) no lugar de “Buscaram-se soluções rápidas” (CERTO).
Também é assunto da sintaxe de colocação o lugar onde o pronome átono fica em relação ao verbo: antes (próclise), no meio (mesóclise) ou depois (ênclise). Exemplos:
– Eu me apresentei bem? (próclise de “me”)
– Discutir-se-ão assuntos fundamentais. (mesóclise de “se”)
– Casaram-se mês passado. (ênclise de “se”)
O local do adjunto adverbial também é relevante, porque pode provocar necessidades diferentes do uso da vírgula:
– Ontem, nadei no rio.
– Nadei no rio ontem.
Além do uso da vírgula com adjunto adverbial, o sentido da oração pode mudar de acordo com o local em que ele ocorre:
– O diretor apenas comunicou a decisão. (só houve comunicação)
– Apenas o diretor comunicou a decisão. (só o diretor fez a comunicação)
– O diretor comunicou a decisão apenas. (nada além da decisão foi comunicado)
E, por fim, no caso de predicado nominal com o verbo “ser”, é a ordem das palavras que indica quem é o sujeito e quem é o predicativo:
– A menina é argentina. (sujeito: “A menina”)
– A argentina é uma menina. (sujeito: “A argentina”)
Assim, atenção ao lugar de cada palavra!
Quer falar mais sobre isso? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br.
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Uma semana bem colocada! Carmem Menezes Revisora de Texto da Secretaria de Comunicação Social |
