Subordinação: Uma relação desnivelada

Nas duas últimas semanas, tratamos de coordenação, um modo de organização das palavras em que as unidades linguísticas estão no mesmo nível e não exercem, entre si, função sintática. E apresentamos uma classificação moderna em três tipos para as orações coordenadas sindéticas.

Nesta semana e na próxima, o assunto é o par dicotômico da coordenação: a subordinação. Subordinação é uma forma de organização de unidades linguísticas em que os termos não estão no mesmo nível, embora permaneçam ligados fortemente. Assim, em uma oração como “A menina de tranças chegou agora”, há adjuntos adnominais – “A” e “de tranças” – que modificam o núcleo “menina”, com ele concordam e a ele se subordinam. Quando a subordinação envolve orações, há orações subordinadas que podem ocorrer no lugar de um substantivo, de um adjetivo ou de um advérbio. A depender da ocorrência, há a respectiva classificação.

Vamos aos exemplos; tente seguir o raciocínio em cada um deles:

– A menina disse que viria. – o que a menina disse? “que viria”. Então, “que viria” é o complemento da forma verbal “disse”. Só que esse complemento é uma oração. Então, “que viria” é uma oração (porque tem verbo conjugado) subordinada (porque exerce função sintática) substantiva (porque está no lugar de um substantivo) objetiva direta (porque completa o sentido do verbo sem a ocorrência de uma preposição).

– A menina que está aqui é a escolhida. – qual é a escolhida? A “que está aqui”. Então, “que está aqui” qualifica “menina”. Só que esse adjunto é uma oração. Então, “que está aqui” é uma oração subordinada adjetiva (porque está na função de adjetivo) restritiva (porque separa uma menina do grupo – só há uma única que foi a escolhida).

– A menina participou do jogo quando estava sol. – quando a menina participou do jogo? “quando estava sol”. Essa circunstância está expressa em uma oração. Então, “quando estava sol” é uma oração subordinada adverbial (porque exerce a função de modificador da oração) temporal (porque indica um instante de tempo).

O mesmo raciocínio feito nessas orações simples deve ser feito na análise das orações da vida real, dessas que você escreve e lê no dia a dia do trabalho e dos concursos.

Tem alguma pergunta? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br.

Uma semana rapidinha!

 

Carmem Menezes
Revisora de Texto da Secretaria de Comunicação Social