“Quem não gosta de samba bom sujeito não é /
Ou é ruim da cabeça ou doente do pé”
(Dorival Caymmi)
Nesta semana, vamos tratar de sujeito. Sujeito, palavra que precisa ser bem definida, de tão polissêmica que é: pode ser substantivo com 12 acepções ou adjetivo, com 11, segundo o dicionário Houaiss. Não vamos tratar do sujeito que é ruim da cabeça ou doente do pé. Vamos tratar de sujeito gramatical, aquele termo da oração com o qual o verbo concorda.
Sujeito gramatical é um termo essencial da oração, o que significa que, se há oração, há um sujeito, mesmo que ele não seja expresso fonologicamente. A prova de que há sujeito é a flexão verbal.
A língua portuguesa é uma língua SVO. Como? É uma língua em que a ordem padrão dos termos da oração é sujeito–verbo–objeto. Isso facilita a vida, porque deve-se procurar o sujeito em algum lugar antes do verbo.
Pode ser núcleo do sujeito um substantivo ou uma palavra substantivada, como adjetivo, verbo e até advérbio. São os artigos os responsáveis pela substantivação. Sujeitos podem ser formados por uma só palavra ou muitas palavras. Por exemplo, em “O samba da minha terra deixa a gente mole”, o sujeito é formado por 5 palavras, o núcleo é um substantivo no singular – “samba” – e, por consequência, o verbo está no singular. Outro exemplo: “Eu nasci com o samba”; aqui, o sujeito tem uma palavra só – um pronome – e com ele o verbo concorda em número. Isto é fundamental: o verbo sempre concorda em número com o núcleo do sujeito.
O terceiro exemplo, a seguir, “e do danado do samba nunca me separei”, mostra que é possível outra ordem de termos da oração, e a identificação da função sintática de cada um deles depende das relações semânticas, de regência e sintáticas. Qual é o sujeito do verbo desse terceiro exemplo? A forma verbal indica que o sujeito é “eu”. Mas não há pronome “eu” no trecho. Tem-se um caso de sujeito presente (não está oculto!), não manifestado fonologicamente, marcado pela desinência verbal: é um sujeito desinencial.
Vamos à sistematização dos tipos de sujeito que a gramática normativa descreve:
– sujeito simples: um único núcleo.
– sujeito composto: mais de um núcleo.
– sujeito desinencial (o que você chamava de oculto): não aparece na oração, mas é identificado pela forma verbal.
– sujeito indeterminado: não aparece na frase, mas o verbo, que necessariamente está na terceira pessoa do plural, marca sua presença.
E as orações sem sujeito? Já tratamos disso aqui, quando nosso assunto era verbo.
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Uma semana nada sujeitada!
Carmem Menezes
Revisora de Texto da Secretaria de Comunicação Social
