Tempos e modos verbais

Estamos na metade do nosso percurso no mundo dos verbos da língua portuguesa. Nesse caminho muito rico, é chegada a hora de detalhar os tempos e os modos verbais da nossa língua.

Os tempos são aqueles já indicados com as respectivas subdivisões. Os modos – indicativo, subjuntivo e imperativo – caracterizam-se assim:

– Indicativo: exprime ação ou estado considerados na sua realidade ou na sua certeza, quer em referência ao presente, quer ao passado ou ao futuro. Ocorre nas orações principais.

– Subjuntivo: é usado quando se encara a existência ou a não existência de fato como uma coisa incerta, duvidosa, eventual ou mesmo irreal. Ocorre principalmente nas orações subordinadas.

– Imperativo: exorta nosso interlocutor a cumprir ação indicada pelo verbo, e também conselho ou convite.

Quanto ao uso dos tempos do indicativo, tem-se, em linhas gerais, que:

– presente: indica ação no momento em que se fala;

– pretérito perfeito: indica ação pontual ocorrida no passado, já concluída;

– pretérito imperfeito: indica ação no passado não concluída e que se prolongou;

– pretérito mais-que-perfeito: indica ação no passado anterior a outra ação no passado;

– futuro do presente: indica ação certa posterior ao momento em que se fala;

– futuro do pretérito: indica ação que era futuro de uma ação passada.

Já no subjuntivo, não é possível caracterização como no indicativo. As noções temporais que encerra não são precisas como as expressas pelas formas do indicativo. Assim, um mesmo tempo pode indicar valor de presente, de passado ou de futuro.

A gramática normativa de Cunha e Cintra precisa de 60 páginas para tratar de tempos e modos. A leitura cuidadosa desse material teórico permite que se apreenda a riqueza aspectual da nossa língua portuguesa. Devido à extensão desta coluna, destacam-se:

– Uso do mais-que-perfeito: se você acha estranha a palavra em negrito na oração “Eu acabara de limpar a casa quando o cachorro entrou todo sujo.” e acha “Eu tinha acabado de limpar a casa quando o cachorro entrou todo sujo.” absolutamente normal, você é uma prova de que, atualmente, no Brasil, só ocorre a versão composta desse tempo verbal.

– A polidez do futuro do pretérito: apesar de muitos quererem atentar contra o bom uso do português, ao solicitar algo, faça o certo e diga: “Você poderia me ajudar?” ou “Eu gostaria de um cento de doces.”, mesmo que seu interlocutor venha com gracinhas como “queria? não quer mais?”.

– Uso do subjuntivo nas orações subordinadas: o correto é “Você quer que eu faça isso?” e “Embora eu tivesse dinheiro, não comprei o carro.”, por exemplo. As versões erradas desses exemplos são muito frequentes no nosso dia a dia, você não acha?

– A perda das formas do futuro do presente: como consequência de mudanças pelas quais nossa língua vem passando, as formas-padrão desse tempo vêm sendo perdidas, restando em seu lugar uma perífrase verbal com “ir”: “você vai me encontrar?” no lugar de “você me encontrará?”. Aqui não há valor, apenas indício de mudança linguística.

À disposição pelo e-mail dicasdeportugues@cnj.jus.br.

Uma boa semana!

Carmem Menezes
Revisora de Textos da Secretaria de Comunicação Social do CNJ