Uso de conjunções

Nesta semana, continuamos nosso caminho pelo mundo das conjunções. Na semana passada, essa classe de palavra foi definida e foram indicados membros dos dois grupos em que se subdivide: coordenativas e subordinativas.

 

Esta coluna semanal, enviada sempre às terças-feiras, está disponível também na intranet do CNJ. O objetivo é aprofundar ou renovar ou iniciar o conhecimento relacionado à língua portuguesa padrão. Começamos o ano com a indicação de literatura de apoio e já passamos por fonologia e, na morfologia, estamos tratando da última classe de palavras. Assim, já foram objetos de nossas reflexões: substantivos, adjetivos, artigos, numerais, pronomes, verbos, advérbios e preposições. Se você perdeu alguma coisa ou quer reler algo publicado neste ano, pode fazê-lo texto por texto ou neste livrinho que compila o primeiro semestre de 2013 das Dicas de Português.

Antes de descrever alguns usos de algumas conjunções, é necessário, sob demanda desde a semana passada, explicar o uso de “ter de fazer”. Embora a frequência de uso de “ter que” seja de 60%, segundo pesquisas da área linguística, isso não justifica nem abona o uso dessa locução no lugar de “ter de”. A forma modalizadora de necessidade ou obrigação deve ser usada sempre: “Eu tenho de escrever”, “O ministro terá de estar naquela reunião”, “Os servidores têm de responder ao Censo”. Respondendo à pergunta da coluna da semana passada, a forma correta é “Eu tenho de fazer isso”.

Quanto ao uso de algumas conjunções:

– “enquanto”: essa conjunção pode dar ideia de tempo ou proporção ou conformidade. Sendo conjunção – e, por isso mesmo, devendo ligar duas orações –, seu uso em orações como “O professor enquanto responsável pelos alunos está atento a eles” é inadequado, porque essa conjunção não pode ser usada nesse contexto de uma única oração. A forma correta envolve a troca de “enquanto” por “como”: “O professor como responsável…”. A segunda ressalva importante é que não é correto escrever “enquanto que”. Inexiste justificativa para a presença deste “que”.

– “posto que”: é uma conjunção concessiva, da família de “embora”, e indica uma circunstância existente, mas que não foi suficiente para fazer algo acontecer. Apesar de muitas pessoas usarem-na como da família de “porque”, ou seja, explicativa, esse uso é inadequado. Exemplo: “Cheguei rápido, posto que o trânsito estivesse carregado”.

– “à medida que” e “na medida em que”: há muita confusão no uso dessas locuções, tendo-se formado até versões híbridas erradas: “à medida em que” ou “na medida que”. A locução conjuntiva proporcional é “à medida que”, usada como neste exemplo: “À medida que fui crescendo, desconfiei que o país que ela amava não existia”. A locução “na medida em que” não aparece na lista das conjunções e tem, como um de seus significados, “ter em vista que”.

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Uma semana espetacular!

Carmem Menezes
Revisora de Textos da Secretaria de Comunicação Social