Vícios de Linguagem

ATENÇÃO PARA OS VÍCIOS!

Toda semana do mês de março serão divulgadas, na intranet, palavras e
expressões muito utilizadas no cotidiano, mas que devem ser evitadas na
construção do texto.

Para começar, vejam os seguintes termos:

Acordo amigável:
Trata-se de tautologia, de pleonasmo vicioso a ser evitado, pois
configura redundância de termos. Acordo já traz em si uma carga semântica
de combinação, de ajuste, de acomodação, de conciliação.

A princípio
Expressão que significa inicialmente, antes de tudo. Ex: A princípio quero
alegar a inocência do acusado. Não confundir com a expressão em princípio
que quer dizer em tese. Ex.: Em princípio, todos devem ser considerados
inocentes, nos termos do art. 5º, LVII, da Constituição Federal.

A teor de:
Não registrada pelos gramáticos e dicionaristas a possibilidade de emprego
vernáculo da expressão a teor de com o significado de conjunção
conformativa, devendo ser substituída, em tais casos por: como, conforme,
consoante, nos termos do, de conformidade com. Ex.: A extinção do processo
sem julgamento do mérito é a solução adequada para o caso, a teor do art. 267
do Código de Processo Civil, (errado). Use… de conformidade com o art….,
conforme o art….

Bem como
Com relação à concordância verbal, quando dois sujeitos vêm ligados por
bem como, o verbo concorda, em regra, com o primeiro. Ex.: Esse interessante
capítulo, bem como os subseqüentes, encerra fatos conhecidos de muitos.
Entretanto, há possibilidade de emprego optativo do verbo no singular ou no
plural. No singular, quando se quer destacar o primeiro núcleo; no plural,
quando se quer referir o conteúdo verbal a ambos os núcleos do sujeito. Ex.: O
Urso-polar, assim como outros animais marinhos, se alimenta de peixes; O
Urso-polar bem como a foca se alimentam de peixes.

Cuspido e escarrado:
Trata-se de expressão indevida e equivocada, que se popularizou pela
deterioração de esculpido e encarnado. O correto é alguém dizer: o
investigante era o próprio investigando cuspido e encarnado.Não dizer: o
investigante era o próprio investigante cuspido e escarrado.
CPI: as CPI ou as CPIs?
Segundo Napoleão Mendes de Almeida, as siglas se pluralizam pelo
acréscimo de um s minúsculo às letras já integrantes delas.

E nem
Essas palavras só podem vir juntas em sequência, quando o e for conjunção
e o nem for advérbio, exercendo cada uma, assim, sua própria função
morfológica.
Exs.: O ordenamento jurídico busca a realização da justiça e nem sempre
consegue (correto). O advogado não apresentou contestação, nem apresentará
(correto). O advogado não apresentou contestação e não apresentará (correto).
O advogado não apresentou contestação e nem apresentará (errado).

Eis que:
Locução conjuntiva temporal, a qual pode aproximadamente ser substituída
por quando. Ex.: a audiência seguia tranqüila, eis que o advogado resolveu
tumultuá-la (correto). Não se deve usar para substituir locução conjuntiva
causal (significando porque, uma vez que), ou conjunção explicativa ou
conjunção condicional. Ex.: o réu foi absolvido, eis que não havia provas
concretas contra ele (errado).

Estada/Estadia
Estada é a permanência de animais ou pessoas em algum lugar. Estadia é
para navios, carros.

Face a/ Em face de/ Em face a
Em nosso idioma, existem as locuções prepositivas em face de e em face
a, as quais podem ser substituídas pelas preposições ante e perante. Para
Napoleão Mendes de Almeida, é invencionice o uso de face a, que não existe
em nosso idioma. Vejam-se algumas frases usadas comumente nos meios
forenses, com indicação de correção e erro. Face ao exposto, julgo
improcedente o pedido formulado (errado). Face ao juiz, a testemunha calou-se
(errado). Em face do exposto, julgo improcedente o pedido formulado
(correto). Em face do juiz, a testemunha calou-se (correto). Em face ao
exposto, julgo improcedente o pedido formulado (correto). Em face do exposto,
julgo improcedente o pedido formulado (correto).

Na próxima semana, tem mais!