Continuando nossa aventura, às portas de 2014, vamos comentar o emprego da vírgula, também conhecida, desde antigamente, por “coma”. É um sinal que marca uma pausa de pequena duração e separa elementos de uma oração, mas também orações de um só período. As vírgulas não marcam respiração. Um truque para saber onde pode caber uma vírgula é ler o texto em voz alta: as pausas saltam aos olhos.
Importante repetir os dois princípios anunciados na semana passada: vírgulas isolam termos explicativos e vírgulas não separam termos essenciais da oração.
Em uma oração, a vírgula separa elementos com a mesma função sintática, quando não há “e, nem, ou”, como em “Maria comprou batata, cenoura e mandioca”, em que “batata, cenoura e mandioca” são objetos diretos de “comprou”. E também separa elementos para realçá-los:
– isola vocativo, como em “João, venha cá”;
– isola aposto, como em “Pedro, o menino de ouro, trouxe suas medalhas”;
– isola adjunto adverbial antecipado, como em “Neste Natal, não percamos a oportunidade de fazer o bem”.
A vírgula também separa a data do lugar / cidade, como em “Brasília, 10 de dezembro de 2013” e indica a supressão de uma palavra, que pode ser recuperada pelo contexto, como em “Ela deu os sapatos e ele, o vestido”, em que a vírgula marca a elipse da forma verbal “deu”, que pode ser recuperada pelo contexto.
Em um período, a vírgula separa orações coordenadas sem conjunção (assindéticas), como em “Eu comia, bebia, me divertia sem medo”. E também:
– separa todas as orações coordenadas com conjunção (sindéticas), à exceção das aditivas, como em “Estava com fome, mas não havia comida” e “Trouxe o prato e pegou os talheres”;
– isola orações intercaladas, como em “Sorriu, percebi, e continuou em frente”;
– isola orações adjetivas explicativas, como em “Patrícia, que estava atrasada, ligou e deu satisfação ao chefe”;
– separa orações adverbiais, principalmente as antepostas à oração principal: “Se eu quiser, posso mudar o meu mundinho” ou “Os congestionamentos aumentam, porque a quantidade de carros aumenta” ou “Embora tivesse a oportunidade, deixou de fazer o bem”.
Dadas as explicações, vamos às perguntas e às respectivas respostas:
1) E se o adjunto adverbial antecipado for pequeno (com uma palavra só)? Não precisa de vírgula, se não se desejar extremo realce.
2) E se o sujeito de uma oração aditiva for diferente do sujeito da oração principal? É o único caso em que há vírgula antes do “e”.
3) As orações adjetivas explicativas sempre ficam entre vírgulas? Sim, sempre, para marcar, na escrita, a pausa que há, na fala, antes de uma explicação.
4) Tem vírgula antes de “etc.”? Depende da explicação que você escolher, já que tanto a ausência quanto a presença sem válidas. O que não pode deixar de ter é o ponto de abreviatura.
Quer mais exemplos? Tem mais perguntas? Quer mostrar um texto seu para eu conferir as vírgulas? Escreva para dicasdeportugues@cnj.jus.br.
Uma boa semana!
Carmem Menezes
Revisora de Texto da Secretaria de Comunicação Social
