Como eu poderia me acostumar com uma vida na qual você não exista, se ela passou a ter graça somente em teus braços e abraços, não importa a versão da vida que eu vista?
Em teu sorriso, todo o cinza ganhou vida e cor. Toda a dúvida do que era amor simplesmente se dissipou.
Estar contigo virou toda a certeza que eu precisava, tudo que sempre procurei se despertou ao te encontrar. E que isso aconteceria era certo, parecia que o coração avisava.
E só então pude entender porque não aconteceu com ninguém mais, pois só poderia ser com você, o amor que me trouxe paz.
E se algum dia eu acordasse e você ali não estivesse, não suportaria o vazio dos dias depois de conhecer o que o seu amor me deu. Eu teria que usar toda a minha criatividade para te inventar todos os dias, pois o coração não esquece o amor que um dia aprendeu.
E todo o amor, que só se descobriu em você, também seria preciso inventar para amores que jamais me conquistariam eu os deixar alimentar. Pois, o que restaria ainda a alguém que, antes, já não tivesse sido seu um dia? Aproximar-se de um amor que jamais o pertenceria, até um pouco de atenção mereceria por tamanha ousadia.
Em qualquer versão da vida em que não existisse você, os dias seriam uma eterna procura. Sentir-te em todos os abraços, procurar o que pode haver de ti em cada beijo, em busca de tua lembrança que me cura. E te reinventaria todos os dias, só para de ti lembrar a cada vez que a palavra “amor” eu falar.
Sempre à espera de poder viver o mesmo amor que vivi um dia, que nem dentro de mim cabia, tão real e verdadeiro que só mesmo com você poderia ser. E, mesmo em mundo em que não existisse você, nossas lembranças seriam tão reais que em outra vida eu precisaria acreditar, aquela na qual já fez parte e que, de tão forte, nada poderia apagar; nem mesmo a morte, ou qualquer outro amor que pudesse encontrar.
E, sem você, amar seria tão superficial que pareceria ruim ou banal.
Todas as vezes que me olhava, eu me sentia viva, pois eu estava ali em seus olhos, eu tinha vida também em você. De forma tão bonita e expressiva, quem liga se for clichê?
Não era perfeito. Se fosse perfeito, não seria tão real. Mas, dentro de todas as nossas imperfeições, era simplesmente o ideal.
Ao seu lado, de repente, entendi o que é plenitude: enxergar-se exatamente onde deveria estar e perceber que não há qualquer outro lugar no mundo onde se queira ficar. A sensação de finalmente encontrar o seu lugar. Nessa vida, não existe maior virtude.
Por isso, a certeza de que seria impensável um mundo sem você. Pois, por maior que esse mundo fosse, sem você, nele simplesmente eu não iria caber.
Jacqueline Amarilio de Sousa