Eu quero!

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Imagine a cena: Uma criança de quatro anos assiste a um programa de televisão. A cada propaganda, aparecem cenas de crianças brincando felizes, com vários tipos de brinquedos. A criança diz: “eu quero”. E diz isso a cada intervalo comercial, e a cada brinquedo que aparece. Até o absurdo às vezes acontece: é um menino que diz “eu quero” para um brinquedo totalmente cor-de-rosa e feminino, ou o contrário, um brinquedo com características muito masculinas (leia-se “de menino”) e esse mesma fala acontece: “eu quero”. Um sinal de que não foi bem elaborada a real utilidade ou prazer do brinquedo em si…

 

brinquedo

Faz parte do desenvolvimento saudável que crianças peçam coisas, inúmeras e variadas coisas. Faz parte do papel de quem educa ajudar estas crianças a selecionarem o que pedem. Ajudá-las a discriminarem seus reais desejos, bem como a adequação do valor do brinquedo versus a realidade desta família.

No afã de satisfazer imediatamente os filhos ou apenas esperando que calem logo a boca (ou de diminuir a culpa, pois hoje em dia os pais se sentem culpados, sempre…), muitos pais suprem demasiadamente os pedidos dos filhos, enchendo a casa de brinquedos que logo serão relegados ao esquecimento.

Brinquedos que logo vão parar num canto, esquecidos, em geral são aqueles que não foram desejados realmente ou suficientemente, a ponto de serem comemorados por muitos dias, inúmeras vezes, e serem brincados e brincados por longo tempo. Crianças são seres ávidos, de tudo: do saber, do ter, do que o mundo apresenta e elas entendem que lhes possa ser proporcionado. E quem trabalha com marketing sabe bem como capturar estas indefesas criaturas, transformando as propagandas em cenários de filmes nos quais as crianças adorariam entrar e se divertir. Ou trazer para casa, através da aquisição dos brinquedos mostrados ali.

E aos pais cabe sempre fazer a intermediação, ajudando seus filhos a discriminar, postergar, adiar a satisfação de logo suprir a falta daquele brinquedo que eles ainda não têm.

Não é muito fácil aguentar o choro, as explosões, a repetição de argumentos de porquê dizer não àquele brinquedo ou àquele valor. Mas é necessário.

A educação não pode ser delegada a outros que não os pais, em primeiro lugar. A escola somente pode dar continuidade àquilo que em casa começa. A escola pode ajudar a lapidar o diamante, mas a maior parte do trabalho começa em casa! E este trabalho é algo que não pode ser postergado, deve acontecer em cada momento que a oportunidade se apresente. Se não for assim, está se aplicando a fórmula perfeita para termos um adulto insatisfeito no futuro. E isso nenhum pai deseja a seu filho.
 
 
Por Marisa Gabbardo
Artigo acessado no site
http://www.edufinanceira.com.br

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Artigo reproduzido do Supremo em Dia