As pessoas precisam conhecer-se cada vez mais para desenvolver sua autoestima, redescobrir a emoção no trabalho e conquistar seu espaço na era da globalização

Nesse momento de transformações em que estamos vivendo, criar filhos, trabalhar e se realizar como pessoa e profissional passa a ser o nosso maior desafio. E ele será vencido apenas com a descoberta do quê e de quem somos e que missão estamos cumprindo neste universo. Cada um de nós, ao optarmos por determinadas metas de vida, nos deparamos com diversas questões sem respostas. “Essas respostas serão dadas somente com a evolução dos relacionamentos afetivos que mantemos na família, no trabalho e com nós mesmos”, assinala Roberto Shinyashiki, consultor organizacional, psicoterapeuta e diretor do Instituto Gente, lembrando que “somos eternos aprendizes e aqui estamos para desvendar os mistérios da vida”. Com sua experiência de médico especialista em gente, ele propõe que esses mistérios serão mais facilmente reconhecidos se tivermos relações profundas e significativas com os nossos pais, filhos, amigos e colegas de trabalho. Somos, no seu entender, uma espécie de companheiros de viagem.
Viagem para uns, trilha e caminho para outros, o que importa é que esse processo de viver nos obriga a enfrentar constantes mudanças. E são essas mudanças que definem atitudes e comportamentos que adotamos diante dos outros e de nós mesmos. Para interpretar, conviver e colaborar com a adaptabilidade das pessoas no mundo das organizações, da família e da vida social, cada vez mais surgem cursos, seminários, workshops e consultores especializados em autoconhecimento. Conhecer-se passou ser a chave da virada para o sucesso profissional e a realização pessoal. “Antigamente o foco das empresas estava na tecnologia e no processo de produção. Hoje tudo está voltado para o indivíduo e seu aperfeiçoamento como pessoa e profissional. É preciso entendê-lo e o incorporar aos sistemas de gestão das empresas. E o mais importante é deixá-lo à vontade com o seu meio social, isto é, tentar realizar parte de seus sonhos e desejos”, comenta Benê Catanante, psicóloga e sócia-diretora da Com Ciência Recursos Humanos, empresa de consultoria voltada ao desenvolvimento profissional e pessoal.
O mercado para todos, a chamada globalização, a reestruturação das empresas, a redução nos postos de trabalho e a competitividade acabaram por reduzir as relações cordiais entre as pessoas. “As coisas do coração parecem ser de outros tempos”, assinala Waldemar Helena Júnior, consultor de empresas e advogado, autor do livro Alquimia do Encontro: um guia de qualidade nas relações pessoais e profissionais, editado pela Editora Gente, afirmando que “reencontrar-se consigo mesmo e com o outro é parte da vida e, se o encontro afetivo parece ter ficado para trás, é preciso recuperá-lo, com urgência, para que faça parte do presente”.
“Diálogo transparente, negociação, olho no olho, parceria e confiança,para gerar o comprometimento entre as pessoas” é a receita do consultor para que haja crescimento pessoal e profissional. Ele lembra que o ser humano é um poço sem fundo de expectativas, sempre barganhando frustrações e ansiedades. A grande questão ao ser ver é o tempo de permanência em uma dessas situações. “A perplexidade é positiva, mas não pode perdurar por muito tempo sem solução”, comenta. Em seu livro Waldemar comenta ainda as mudanças que transformaram o processo produtivo nas organizações e os paradigmas ainda vigentes e emergentes no dia a dia do trabalho.
“Coração no Trabalho” é um dos últimos lançamentos da Ediouro no mercado editorial nacional. O livro, de Jack Canfield e Jacqueline Miller, publicado originalmente nos Estados Unidos da América, conta histórias e estratégias para construir a autoestima e redescobrir a emoção no trabalho. Ele é um exemplo de que no mercado norte-americano o tema já está amplamente debatido e que também representa uma tendência em nível das empresas o foco na autorrealização das pessoas. “O ambiente de trabalho nas organizações modernas está levando ao endurecimento do espírito humano. Reagindo contra isso, as pessoas estão manifestando suas emoções, exigindo “espírito no trabalho “, destaca Willis Harman no prefácio do livro, sublinhando que “está na hora de levar o coração ao local de trabalho e de analisar o que estamos fazendo uns com os outros e com o nosso trabalho”.
Lavínia Lins Coelho, psicoterapeuta do Hospital do Servidor de São Paulo, considera essencial a retomada da emoção no trabalho. “Nos últimos tempos aumentou-se muito a abrangência do não consigo e não posso. Isso esconde a atitude cômoda e até covarde das pessoas de não ter de tomar posição em relação aos fatos que o cercam. “É como se estivéssemos decidido ver no escuro e isso fosse confortável”, comenta. Na sua avaliação, este comportamento só gera mais dificuldades na vida das pessoas porque no fundo “elas têm consciência do seu estado do ser”. Infelizmente ele não se manifesta com alegria de viver e de trabalhar, muito menos em se relacionar com os outros. “Mau humor, irritabilidade, violência com o outro, isolamento e mal-estar são sintomas corriqueiros que as pessoas não sabem identificar como sendo o resultado da sua inércia existencial”, assinala.
Esta inércia, na sua opinião, é a falta de conscientização das pessoas de que elas são agentes, atores e únicos responsáveis pelas próprias vidas e que somente com suas próprias forças farão mudanças no meio onde vivem. “Não é preciso mudar os outros e o mundo inteiro para que nos sentirmos bem conosco mesmos”, justifica .” É preciso ter vontade de conhecer-se a si mesmo. Aceitar os papéis que temos de viver no meio social e, sobretudo, saber fazer escolhas que satisfaçam nossa maneira de ser e de sentir o mundo em que vivemos”, observa. Lavínia Coelho comenta ainda que as relações interpessoais são hoje os maiores focos de conflitos e de insatisfação com quem convive com o universo do trabalho. “O que as pessoas ainda não consideram é que podem mudar, melhorar e até acrescentar novos padrões nos seus relacionamentos no trabalho”. A autoestima, ora em discussão nas empresas, para ela, pode ser algo extremamente positivo para modificar atitudes negativistas e gerar um ambiente mais saudável para todos.
Ferramentas para crescer
Investir no seu próprio aprendizado, conhecer mais técnicas como PNL (Programação Neuro-Linguística), trabalho em equipe, meditação transcendental, fazer psicoterapia, yoga, relaxamento, biodança, bioenergética, praticar esportes, apreciar músicas, cinema, teatro, fazer trabalhos manuais, especialmente ligados à terra, como jardinagem, curtir animais e crianças, são alguns dos conselhos práticos da consultora Benê Catanante, da Com Ciência e Desenvolvimento Pessoal para quem deseja cuidar do próprio desenvolvimento pessoal.
Para Roberto Shinyashiki, diretor do Instituto Gente, alguns pontos precisam estar sendo sempre trabalhados por quem deseja ser um vencedor. Entre esses pontos estão velocidade, polivalência, visão e autorrealização. Na velocidade, o autor do livro “A Revolução dos Campões ” indica a capacidade da pessoa de responder rapidamente aos desafios da vida moderna. “Até a paquera hoje está mais rápida.Tudo acontece numa única noite.Temos de ficar atentos na rapidez dos fatos”, exemplifica. Na polivalência assinala o fim dos especialistas e o início da era dos multiespecialistas. “Pessoas que se envolvem em tudo e conhecem um pouco de tudo”, comenta. Na sua visão, o consultor diz da importância de ter um pé no futuro, mas ficar consciente do que está acontecendo no hoje e se está havendo uma construção positiva do amanhã. Já em autorrealização, o consultor indica a importância de construir-se diariamente esse objetivo. “Quanto tempo as pessoas perdem vendo novela quando poderiam estar produzindo e absorvendo algo de concreto para sua aprendizagem e crescimento pessoal?, questiona.
O resgate do ser humano hoje nas empresas é um debate muito importante segundo Gustavo Boog, consultor organizacional e sócio da Boog & Associados. Uma das ferramentas que ele vem desenvolvendo há muitos anos é a da utilização dos florais. Ele diz que os florais reduzem a hostilidade das pessoas com o mundo exterior e melhoram a percepção dos indivíduos consigo mesmos e com os outros.”Não é nenhuma gotinha mágica ou coisa de bruxaria como se pensava antigamente”, comenta , lembrando que estará lançando em breve o livro” Energize sua empresa .Como os florais podem dinamizar seu ambiente de negócios”, que será uma versão atualizada do seu livro anterior “O Poder dos Florais no Trabalho”. Para o consultor, o floral pode ser usado individualmente ou coletivamente e que este ajuda no equilíbrio emocional das pessoas, facilitando a tomada de decisão, melhorando o convívio com o grupo e reduzindo ansiedades individuais que atrapalham no ambiente de trabalho.
Alexandre Garrett
Fonte: RHPortal
