O último número – Augusto dos Anjos

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Hoje o poeta escolhido foi Augusto dos Anjos. Conhecido como um dos poetas críticos do seu tempo, sua obra chocou muitos, mas, com o tempo, Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do País, sobrevivendo às mutações da cultura e a seus diversos modismos como um fenômeno incomum de aceitação popular. O poema O Úlitmo Número foi escolhido por Rosfran, do Departamento de Tecnologia da Informação (DTI).

Amanhã é o último dia do nosso sarau! Quem quiser participar, basta enviar o seu poema preferido para comunicacao@cnj.jus.br!

O Último Número
Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
A Ideia estertorava-se… No fundo
Do meu entendimento moribundo
Jazia o Último Número cansado.

Era de vê-lo, imóvel, resignado,
Tragicamente de si mesmo oriundo,
Fora da sucessão, estranho ao mundo,
Com o reflexo fúnebre do Incriado:

Bradei: – Que fazes ainda no meu crânio?
E o Último Número, atro e subterrâneo,
Parecia dizer-me: “É tarde, amigo!

Pois que a minha antogênica Grandeza
Nunca vibrou em tua língua presa,
Não te abandono mais! Morro contigo!”