Saiba mais sobre os cidadãos de Gana que estão no Conselho e não perca a oportunidade de compartilhar experiências com eles
Bonsu Kwadwo, Seth Boateng e Abdul Latif na nova sede do CNJ. Foto: Luiz Silveira
Se você frequenta os blocos A, B ou D da 514 Norte já deve ter cruzado com pelo menos um deles. Dedicados à limpeza dos edifícios, conversam entre si em dialetos próprios e incompreensíveis para a maioria dos brasileiros. Seth Boateng, Bonsu Kwadwo e Abdul Latif são de Gana, país da África Ocidental, e desde o ano passado fazem parte da equipe de serviços gerais do CNJ.
Os ganeses desembarcaram no Brasil em busca de melhores oportunidades de trabalho. Bonsu em junho de 2013 e Seth e Abdul em novembro de 2014. Além da origem e do objetivo, têm em comum a vinda para Brasília. “Quando aterrizamos em São Paulo, os ganeses de lá nos disseram que havia um bom mercado na capital do Brasil. E quando chegamos aqui não encontramos apenas um trabalho, mas também uma comunidade expressiva de Gana em Brasília, com 336 pessoas do nosso país, e uma possibilidade de futuro”, explica Seth Boateng.
Seth Boateng. Foto: Luiz Silveira
Acolhimento, gratidão e cidadania
Os ganeses do CNJ já têm visto de permanência no Brasil, moram em Samambaia/DF e construíram uma relação afetiva com a Capital Federal. “Brasília não é uma cidade racista, é acolhedora. Aqui ninguém precisa se esconder, não precisamos ficar mostrando nossos passaportes onde vamos e a polícia fornece informações e nos ajuda a encontrar lugares”, relata Seth.
A experiência positiva se estende ao Conselho Nacional de Justiça, onde trabalham desde agosto e setembro de 2015, meses em que foram contratados pela WR Comercial e Serviços, empresa terceirizada que atende o CNJ. “Temos muito orgulho de trabalhar aqui. Os funcionários conversam muito com a gente e têm muita paciência, desde as equipes de infraestrutura até colaboradores dos gabinetes”, releva Seth Boateng. Josino Gonzaga, supervisor de serviços gerais, é o principal interlocutor dos ganeses no Conselho e ressalta o compromisso que eles têm com o trabalho: “São muito focados e querem concluir os serviços o mais rápido e da melhor forma possível”.
Bonsu Kwadwo. Foto: Luiz Silveira
Outro aspecto muito valorizado pelos ganeses é o acesso aos direitos trabalhistas que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) garante. “Aqui temos horário de almoço, vale-transporte, 13º salário… Direitos que em Gana não tínhamos. E isso melhora muito as nossas condições”, afirma Seth, que envia parte dos seus rendimentos à família que ficou em Gana.
Língua, religião e cultura
Enquanto Seth Boateng fala inglês e já demonstra uma boa relação com o português, Bonsu Kwadwo e Abdul Latif ainda demonstram pouca habilidade para falar e compreender a língua. “Para mim é muito difícil, já que é muito diferente do meu dialeto, o hwusa”, diz Abdul. Bonsu concorda e lembra da complexidade linguística da sua região: “Temos 46 dialetos convivendo por lá”.
Cultivar a fé é uma maneira que os funcionários de Gana encontram para enfrentar as adversidades dos dias e lidar com a saudade do seu país. Bonsu frequenta a igreja pentecostal, Abdu é muçulmano e Seth já estudou budismo.
Abdul Latif. Foto: Luiz Silveira
Ter amizades com outros ganeses que moram no DF, usar vestimentas típicas sempre que possível e preparar comidas tradicionais do país também ajudam os colaboradores estrangeiros do CNJ a se sentirem mais conectados com sua terra natal. O tempero e as receitas brasileiras, aliás, colaboram para o sentimento de pertencimento que os ganeses constroem com o Brasil. “A combinação de arroz e feijão, os temperos e as maneiras de preparar as carnes se assemelham muito”, destaca Seth. Destaque para a marmita de almoço dele, que geralmente guarda uma versão brasileira do fufu.
Quer saber mais sobre os colaboradores ganeses do CNJ? Não deixe de cumprimentá-los quando estiver nos edifícios da 514 Norte. Seth, Bonsu e Abdul pretendem criar raízes no Brasil e têm muito a compartilhar sobre seu país, sua cultura e sua experiência em Brasília.
Fábia Galvão
Comunicação Interna
