Há mais mulheres do que homens trabalhando no Poder Judiciário de Alagoas. Nos cargos ou funções de chefia, a presença feminina também supera a masculina. Dos 333 servidores em posições de liderança no Tribunal de Justiça (TJAL), 187 são mulheres e 146 são homens, segundo dados da Diretoria de Gestão de Pessoas.
A arquiteta Cláudia Lisboa é uma dessas mulheres. Ela é diretora do Departamento Central de Engenharia e Arquitetura do TJAL e atua no Judiciário há 32 anos. “O Tribunal sempre valorizou o trabalho desenvolvido por nós mulheres, o que é muito importante, pois agrega uma multiplicidade de perspectivas ao desenvolvimento dos trabalhos.”
Cláudia planeja as demandas do setor, estabelece serviços e prazos e coordena o desenvolvimento de projetos no segmento da construção civil que, segundo ela, é extremamente machista. “Algumas vezes, nas primeiras visitas a uma obra, não somos levadas a sério. Nossas determinações, muitas vezes, são checadas com nossos colegas engenheiros. Porém, no decorrer das fiscalizações, esse quadro tende a mudar.”
Para a secretária-geral do TJAL, Ednilda Lessa, a desconfiança é fruto de um quadro desigual que envolve aspectos históricos, culturais e sociais relacionados às mulheres. “A situação das mulheres no campo profissional tende a melhorar, se as alternativas para a diminuição do abismo que ainda separa homens e mulheres no mercado de trabalho vierem de políticas públicas que priorizem a igualdade dos gêneros, com a educação da nossa sociedade e o respeito à Constituição Federal.”
Na avaliação de Ednilda, o TJAL está em uma situação avançada em comparação a outros órgãos onde os cargos de chefia ainda são exercidos por homens, mesmo em áreas tidas historicamente como femininas. “No Judiciário alagoano é crescente a participação da mulher nos cargos de chefia e é notório o aumento de sua importância na gestão dos atos processuais propriamente ditos.”
Luta feminina
Para a chefe de gabinete Leônia Maria Silva, a maior presença em funções de liderança é consequência da luta feminina pelo reconhecimento e valorização da mão de obra da mulher. Servidora do TJAL há 18 anos, Leônia considera que a vida profissional da mulher é como uma corrida de velocidade, “na qual há um obstáculo a cada 100 metros”. “Porém, consigo visualizar uma evolução social no reconhecimento da mulher como ser humano capacitado e em igual condição ao homem nos mais diversos setores.”
A diretora da Biblioteca do Poder Judiciário de Alagoas, Mirian Alves, disse sentir orgulho em trabalhar em uma instituição onde a maioria dos cargos de chefia é ocupada pelas mulheres. “É importante que o Judiciário transmita essa mensagem e dê esse exemplo para a sociedade, ainda tão marcada pela desigualdade de gênero. Acho que o Tribunal tem apenas a ganhar com isso, tornando-se mais inclusivo e cooperativo.”
Apesar dos avanços, a diretora avalia que as mulheres ainda enfrentam dificuldades. “Muitas são descredibilizadas no trabalho em função do gênero. São preteridas em contratações ou na ascensão a cargos de chefia, têm ideias apropriadas por homens, são insistentemente interrompidas em suas falas e muitas vezes precisam trabalhar duas ou três vezes mais que um homem para provar a sua capacidade e receber o merecido reconhecimento.”
Compromisso
A chefe de gabinete da Presidência do TJAL, Laís Ramalho, disse que, no âmbito profissional, conviveu com muitas mulheres que foram exemplo de competência, dedicação e liderança. “Elas me inspiraram a fazer a diferença no serviço público”, explica. Seja atendendo a população, seja lidando com questão processual, Laís garante que sempre busca dar o máximo de si em tudo o que faz. “Não tenho qualquer compromisso com o erro e estou sempre à disposição para ouvir sugestões, debater ideias e trocar experiências, visando ao melhor desempenho da atividade.”
Para a diretora do Arquivo do Judiciário, Suliane Barros Leal, colocar-se no lugar do outro é uma atitude que deve ser adotada por quem ocupa posição de liderança. “Acredito que a empatia e o amor ao próximo são as melhores características para um cargo de chefia, no qual somos responsáveis pelo outro. Tento trazer essas características para a equipe.”
Fonte: TJAL