Setenta por cento dos juízes repudiam a prática do nepotismo. Este foi um dos dados revelados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) durante apresentação das conclusões de pesquisa realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) sobre a realidade do Poder Judiciário. Os números foram expostos pelo conselheiro Joaquim Falcão, também professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que desenvolveu a pesquisa. Segundo ele, o estudo apontou o que pensam e quem são os juízes brasileiros.
O estudo revelou que um magistrado, ao decidir, se baseia em primeiro lugar nos parâmetros legais, em seguida nas conseqüências sociais e por fim nos fatores econômicos de seu ato. Além da prestação jurisdicional foram investigados temas como as propostas de reformas, o governo Lula e a agilidade do Judiciário.
Quanto à atuação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foram levantadas questões sobre o conhecimento técnico dos advogados, ética e aprimoramento profissional. Em relação ao perfil dos juízes, o estudo mostrou que a maioria dos magistrados é composta por homens, de cor branca, com idade média de 44,4 anos, casados e com filhos. De acordo com a apuração, quanto mais antigo no cargo, mais satisfeito com o Judiciário o magistrado está, e, quanto mais moço, mais crítico é o juiz, ou seja, os magistrados mais antigos são mais conformados.
Sobre as juízas, o levantamento revelou que a maioria delas trabalha nos Juizados Especiais Federais, isto é, têm contato maior com a população do que os magistrados. Outros dados do estudo demonstram que as juízas são, geralmente, jovens, críticas e pragmáticas. Aponta, ainda, que as mulheres têm grande representatividade entre os magistrados mais novos e os homens entre os juízes mais antigos.
Com a pesquisa, a associação revelou ser unanimidade entre os juízes a insatisfação com a lentidão da Justiça, a necessidade de uma reforma processual e a redução do número de recursos, além de críticas ao atual critério para a composição do Supremo.