Projeto em Várzea Grande (MT) resgata crianças e adolescentes em risco

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Um trabalho desenvolvido em benefício de crianças e adolescentes em situação de risco gera resultados positivos e é acompanhado de perto pelo Juízo da Vara Especializada da Infância e Juventude da Comarca de Várzea Grande, no Mato Grosso . É o Projeto Vida Nova, formado por quatro casas -lares que dispõem de quartos, sala, cozinha, banheiro e um amplo quintal, além do mais importante, carinho e atenção dispensados pelas mães social e auxiliar. Também fazem parte da equipe uma coordenadora, uma assistente social, uma agente administrativa, uma psicóloga e duas pedagogas. “A intenção é fornecer uma estrutura o mais próximo da familiar, já que estas crianças têm exatamente problemas relacionados às famílias”, observou o juiz titular da referida vara, Jones Gattass Dias. O projeto surgiu em 2004 quando o município de Várzea Grande foi apenado em um processo, sendo obrigado pela Justiça a fornecer uma casa às crianças que são abandonadas ou encontradas pelas ruas. Hoje acolhe 39 crianças e adolescentes e o executivo municipal repassa os recursos à equipe, que presta contas mensalmente. O juiz Jones Gattass explicou que a intenção é de que as casas sejam transitórias. “Queremos que as crianças tenham chance de serem reintroduzidas nas famílias ou que arrumem outras famílias. Agora posso dizer que Várzea Grande tem acolhimento institucional nos moldes previstos pela Lei”, sublinhou. E a coordenadora do Vida Nova, Isis Kátia Novaes Haver, explicou que cada uma das quatro casas lares possui no máximo dez crianças. “A idéia é desenvolvermos os trabalhos com resultados. Não queremos distanciar da realidade de uma família brasileira. Eles têm o que uma criança deveria ter”, destacou.

A estrutura foi projetada para o desenvolvimento integral dos menores. Eles continuam estudando em escolas públicas municipais e as pedagogas fazem o acompanhamento escolar e dão aulas de reforço, quando necessário. A psicóloga também atende as crianças e adolescentes, orientando na educação e formação do caráter de cada um. “Eles chegam assustados, carentes, com baixa auto-estima. Nós mostramos que as situações de abandono, desamparo e abusos, não acontecem por culpa deles e principalmente que a vida continua e eles podem mudar os rumos para melhor. Tudo isso, colocando limites e obrigações”, destacou a psicóloga Nayara Pessoa da Costa. No período livre, as crianças escolhem outras atividades, tais como aulas de música, ateliê de pintura, artesanato e natação. Alguns dos adolescentes também já estão no mercado de trabalho, com a autorização do magistrado. “Quase não tenho tempo. Trabalho em um supermercado como empacotador, mas estou estudando para melhorar. Eu gosto daqui, da comida, de assistir televisão”, contou um rapaz de 15 anos.

Clair Camargo da Silva tem dois filhos de 13 e 15 anos, mas não titubeou quando soube da vaga para mãe-social. “Não é fácil. Fico aqui os sete dias da semana. Acordo de madrugada para preparar o café da manhã e ajudar os meninos a se aprontarem para a escola e trabalho. É uma função de amor. Além das obrigações da casa, como preparar as refeições, vira e mexe um deles vem procurando carinho e aí é a hora que conversamos. Não tem como não apegar. Eu com eles e eles comigo”, disse a mãe-social, responsável por dez meninos que têm idades entre dez e 16 anos.

A mãe social explicou que sempre procura fazer um cardápio variado com arroz, feijão, carne e legumes. Os mantimentos são doados pela prefeitura e também pela sociedade civil. “Eu gosto da comida, das aulas de música e de ver minhas irmãs”, disse um garoto de dez anos, que está no Vida Nova III, que funciona no bairro Jardim Paula I em Várzea Grande. As duas irmãs dele, de 14 e 15 anos ficam em uma das outras três casas lar. Eles foram abandonados pela mãe e encontraram abrigo no projeto.

 

Fonte: TJMT