O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Sport Club Corinthians Paulista assinaram, nesta segunda-feira (22/3), acordo de cooperação técnica que vai permitir o acesso gratuito às atividades do clube para 100 adolescentes que cumprem medidas socieducativas na Fundação Casa. Pelo convênio – firmado na sede do clube, em São Paulo (SP) – o Corinthians também vai contratar dois presos do regime semiaberto com formação em práticas esportivas ou educação física.
Na solenidade de assinatura do acordo, o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, considerou a parceria com o clube “uma contaminação do bem” ao destacar o esporte como “veículo de reinserção social” e a contribuição do Corinthians ao Começar de Novo. Coordenado pelo CNJ, o programa é voltado à ressocialização, capacitação e profissionalização de presos e egressos do sistema carcerário e de jovens em conflito com a lei.
“Esse convênio (assinado com o clube paulista) chama a atenção de toda a sociedade brasileira para pensar seriamente a reinserção social a partir da abertura de portas feita pelo Corinthians, iniciativa que deve ser imitada por outros clubes esportivos do país”, disse o ministro Gilmar Mendes. De acordo com a cooperação técnica, o Corinthians compromete-se a liberar as dependências do clube, duas vezes por semana, para que os 100 jovens assistidos pela Fundação Casa possam praticar esportes como futebol, vôlei, natação e basquete.
Na avaliação do presidente do CNJ, a ressoacialização de jovens e adultos em conflito com a lei, por meio do Programa Começar de Novo e de parcerias como a assinada com o Sport Club Corinthians, deve ser tratada como uma ação de direitos humanos afinada à segurança pública. Segundo o ministro Gilmar Mendes, “é possível mudar, fazer essa transformação com o abandono de preconceitos e com um ato de generosidade”.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, participou da assinatura do termo de compromisso e elogiou a medida. “Espero que a parceria ajude a iluminar a participação de outros clubes em iniciativas como essa”, disse. Para o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, “nada mais justo para o futebol e para o nosso clube do que participar de um projeto tão importante como o Começar de Novo”.
Também participaram da formalização do convênio, o conselheiro Nelson Tomaz Braga; a presidente da Fundação Casa, Berenice Maria Giannella; o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), desembargador Antonio Carlos Viana Santos; o jogador corinthiano Marcelinho Carioca e o ator Sacha Bali, que interpretou um ex-presidiário na Novela “Poder Paralelo” da Rede Record.
Segundo Marcelinho Carioca, todo cidadão merece ter uma oportunidade de vida. “Querer mudar é uma decisão”, disse o jogador, que foi apoiado pelo ator Sacha Bali. “Os jovens devem abraçar o esporte, o estudo, as artes e a música e ficar longe das drogas e da violência”, defendeu Bali.
Convênio – O acordo é um desdobramento do convênio firmado entre o CNJ e o Clube dos 13, no dia 8 de dezembro do ano passado, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o presidente do clube, Fábio André Koff, informou que todos os integrantes do Clube dos 13 estavam dispostos a cooperar com o Programa Começar de Novo.
A parceria com o Sport Club Corinthians prevê também a inclusão de vagas de trabalho e cursos de capacitação no Portal de Oportunidades do Conselho Nacional de Justiça. O portal é uma das ações do Projeto Começar de Novo que oferece vagas tanto para detentos como para adolescentes em conflito com a lei. A intenção é contribuir para a reinserção social no mercado de trabalho e diminuir o índice de reincidência criminal.
Nas telas – O ator Sacha Bali interpretou o ex-presidiário Artur na novela “Poder Paralelo”. Para fazer o papel no folhetim, o ator conta que buscou inspiração em filmes como “Estômago”, de Marcos Jorge; “21 Gramas”, de Alejandro González-Iñárritu, e “O Homem Que Não Estava Lá”, de Joel Coen.
Segundo o ator, o interessante em interpretar um ex-presidiário é o caráter social que o papel tem. “O mais legal do personagem é que ele mostra que um ex-presidiário pode e deve se reinserir no mercado de trabalho”, diz.
EM/RM/IS
Agência de Notícias CNJ