Judiciário inaugura escola com reforma feita e custeada por detentos

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Nesta terça-feira (17/5), o Poder Judiciário de MS inaugurou a 5ª escola estadual de Campo Grande reformada por detentos do regime semiaberto. A obra da Escola Estadual Padre José Scampini faz parte do Projeto Pintando e Revitalizando a Educação com Liberdade, que destina tanto a mão de obra como o dinheiro do próprio reeducando para a construção e compra de material. O juiz Albino Coimbra Neto, titular da 2ª Vara de Execução Penal da Capital e idealizador do projeto, lembrou que Campo Grande tinha o pior semiaberto do país e passou a ser um dos melhores com a proposta que utiliza mão de obra dos presos e direciona percentual de seu salário para custear esse tipo de projeto.

“Essa é a quinta obra custeada com a mão de obra do preso e, ao longo dessas reformas, o Estado economizou aproximadamente R$ 1,7 milhão. O projeto tem também uma rapidez inédita porque a reforma é realizada no período das férias escolares, porque não se tem muito tempo a perder com pessoas que estão cumprindo pena”, disse.

Questionado sobre as mudanças observadas no reeducando, o juiz explicou que o preso que trabalha nesse projeto tem uma reflexão diferente do papel dele na sociedade, já que ele contribui para reformar uma escola que beneficia os mais carentes e a educação como um todo, um grande problema do país. Sobre tornar-se exemplo nacional, o magistrado ressalta que o projeto é coletivo e depende de várias pessoas envolvidas para que seja realizado com sucesso, incluindo o trabalho dos próprios presos. “Se eles não fizessem um trabalho de qualidade, de nada adiantaria a ideia. Uma vez finalizado o projeto, alunos são os replicadores dessa ideia, pois são os responsáveis pela manutenção do que foi feito na escola”, ressaltou.

Ressocialização – O presidente do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS), desembargador João Maria Lós, apontou que a possibilidade de os presos trabalharem acaba com o estigma de que o interno não pode se aproximar das pessoas. “O objetivo do projeto é a ressocialização do interno, dando a ele oportunidade para trabalhar, conviver com as pessoas e de se fazer justiça social para alunos e comunidades carentes. Tudo isso visa o lado social, que é afeto ao Judiciário, porque envolve uma série de atividades relacionadas à Justiça. Além disso, tivemos em maio uma reunião de todos os presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, que enviaram equipes de apoio para conhecer os projetos do TJMS e levar para seus estados”, disse. 

Localizada no bairro Coophavila II, a Escola Estadual Padre José Scampini é o segundo maior colégio estadual de Campo Grande em número de alunos. No total, 14 presos trabalharam na reforma e outros três detentos fizeram o serviço de limpeza – todos os que trabalharam na obra são do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira. Orçada em R$ 149 mil, a reforma contemplou 30 salas, incluído o anfiteatro, além da quadra coberta, pátio, calçamento, muros, pintura geral, troca de vidros, reforma elétrica e hidráulica, e, ainda, projeto de acessibilidade com a construção de banheiros adaptados, guichê da secretaria e da cantina com acessibilidade para cadeirantes, instalação de rampas e piso tátil.

Fonte: TJMS