Corregedoria lança obra com mais de 170 histórias de magistrados do país

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As cortes de todo o país são palco, diariamente, de disputas judiciais emocionantes, casos com desfechos surpreendentes, fatos curiosos e, por vezes, histórias de humor. Com a intenção de homenagear a magistratura brasileira e reunir mais de 170 histórias que marcaram a vida de juízes, a Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou, nesta terça-feira (23/8), antes do início da 236ª Sessão Plenária, a obra “A Justiça além dos Autos”. O livro, organizado pela ministra Nancy Andrighi, corregedora Nacional de Justiça, reúne em 504 páginas histórias selecionadas pelos coordenadores do projeto, desembargadores Fátima Bezerra Cavalcanti (TJPB) e Pedro Feu Rosa (TJES) e o juiz Álvaro Kalix Ferro (TJRO).

A obra será distribuída aos tribunais em edição limitada, e está disponível no Portal da Corregedoria do CNJ. De acordo com a ministra Nancy, a obra “A Justiça além dos Autos” é uma homenagem à magistratura brasileira por meio de crônicas e relatos. “Nessa passagem pela Corregedoria, ao lado do trabalho árduo em prol da celeridade e da eficácia processual, deixo esse lado interessante da vida judicante, desconhecido da sociedade no qual revela o que é ser juiz”, disse a corregedora.

Na opinião da ministra, ser juiz não é só se debruçar sobre processos e mergulhar no mundo virtual dos autos, mas viver acontecimentos sociais como cidadão do povo, com redobrada prudência, parcimônia e crença de que a Justiça começa com um olhar de compreensão. “Antes do juiz ser o condutor do processo, ele é um escafandrista do direito, uma figura destacada, principalmente em comarcas distantes dos grandes centros urbanos, e essa proeminência social o torna alvo de episódios insólitos e pitorescos, átimos de flagrante embaraço que os anos e a memória transformam em casos espirituosos”, afirmou.

Coração de pai – Entre as dezenas de histórias emocionantes, uma delas, narradas pelo juiz Wilson Safatle Faiad, de Goiânia/GO, conta o episódio de um pai que, ao ser esfaqueado pelo próprio filho e correndo risco de morte, preferiu procurar primeiro o juiz para tratar da situação do filho, para só então dirigir-se a um hospital. O pai bateu à porta do juiz para pedir conselhos porque o filho estava matando aulas e andando na companhia de maus elementos, mas o magistrado teve de interrompê-lo para providenciar a ambulância, diante de ferimento tão grave. “Não há como não dar valor a tal pessoa, que pôs o filho à frente de sua própria dor pessoal: um verdadeiro pai!”, escreve o juiz. Como essa, há muitas histórias de leitura agradável sobre adoção, reinserção social e disputas familiares entre outras.

Assaltante azarado – Em Rio Branco/AC, no ano de 2002, o juiz Audarzean Santana da Silva interrogava um rapaz preso provisoriamente, em flagrante, sob acusação de roubo qualificado pelo uso de uma faca. “Doutor, é verdadeiro o fato da denúncia. Eu estava em dificuldade financeira e decidi praticar um roubo. Peguei uma faca, fui para rua da cidade e fiquei esperando uma vítima”. O problema foi que, à espera da sua primeira vítima, o rapaz acabou escolhendo o campeão de jiu-jitsu da cidade, que facilmente o desarmou e o entregou à polícia.

Luiza Fariello
Agência CNJ de Notícias