Os magistrados e servidores, que concluíram um curso na sexta-feira (24/11) pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), em Brasília, experimentaram nova maneira de formar mediadores e conciliadores.
Uma metodologia de aprendizagem alinhada com as tendências atuais da pedagogia, já adotada pela Enfam na formação de juízes, foi usada pela primeira vez na capacitação de magistrados e servidores que vão formar mediadores e conciliadores.
Iniciado na última quarta-feira (22/11), o curso oferecido pela Enfam substituiu o ensino tradicional por dinâmicas de grupo e outras atividades interativas. Em lugar de submeter um grupo de pessoas a se sentar diante de um professor que falará durante horas, a organização do curso dividiu os 46 alunos e os fez trabalhar em conjunto, cooperar em busca de soluções e até sugerir os temas abordados pela equipe de instrutores responsáveis pela condução das atividades.
“Perguntamos aos alunos o que eles consideravam importante saber para formar os professores que no futuro capacitarão conciliadores. Um dos alunos disse que saber ouvir as demandas das partes em conflito era importante. Foi a deixa que precisávamos para introduzir o conceito de ‘escuta ativa’ na aula”, disse o professor e juiz Roberto Bacellar.
Didática
Segundo a instrutora do curso e especialista em pedagogia Maria Eveline Pinheiro, o curso se baseou no ensino por competências, uma versão mais moderna da didática. “Nós ensinamos os nossos alunos a ensinar. Não é apenas o conteúdo formal-conceitual. Nos interessa o saber fazer, o que está além do aprendizado por meio do discurso, da aula expositiva”, disse.
As estratégias de ensino foram compiladas no curso de Formação de Formadores (Fofo), criado originalmente para a capacitação inicial de jovens juízes e para ações de educação continuada dos magistrados.
Ensinar a ensinar
Indicados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os 46 alunos do curso vieram de diferentes partes do país. São magistrados e servidores que voltarão para seus tribunais habilitados a capacitar os homens e mulheres que formarão, no futuro, mediadores e conciliadores. Segundo a instrutora do curso e juíza federal Taís Schilling, os alunos formados poderão replicar o que aprenderam em cursos que seus alunos ministrarão, nos seus respectivos estados, sobretudo as formas de ensinar.
“Nossas atividades fomentam a autonomia dos conciliadores para resolver problemas reais, em contextos complexos. O foco é desenvolver saberes para resolver conflitos que acontecerão lá na ponta, em situações reais de mediação e conciliação”, disse a magistrada.
Uma das alunas do curso foi a conselheira do CNJ, Daldice Santana, que também foi responsável por selecionar os integrantes da turma. “A demanda foi imensa. Recebemos muitos pedidos de inscrição que infelizmente não fomos capazes de atender. Selecionamos os candidatos conforme a experiência deles enquanto docentes, pois é uma área que depende muito da vivência da pessoa. Novos cursos de formação serão necessários”, disse a conselheira.
Campanha
Desde 2006, o CNJ realiza a Semana Nacional de Conciliação. Durante cinco dias, partes em conflito são chamadas pela Justiça para tentar um acordo que resolva o problema. Entre 21 e 25 de novembro do ano passado, 130 mil acordos foram firmados nos 51 tribunais que participaram da mobilização nacional. A semana este ano começa na próxima segunda-feira 27/11.
Manuel Carlos Montenegro
Agência CNJ de Notícias