A instalação de novo sistema processual não é algo simples. Como se viu no transcorrer do texto, há muitas mudanças e o ser humano naturalmente é avesso a elas. Além disso, é imprescindível a preparação da infraestrutura do tribunal para receber o sistema a fim de evitar surpresas no futuro.

Em razão disso, apresentamos a seguir um guia rápido, mas não exaustivo, do que deve ser feito. Ele deve ser complementado considerando as características próprias de cada tribunal.

Escolha da estratégia de implantação

O primeiro passo para a instalação do sistema é escolher uma estratégia de implantação. A instalação em múltiplas frentes tem a desvantagem de potencializar o efeito de problemas simples, já que este se reproduzirá em vários pontos ao mesmo tempo. Por outro lado, instalar em apenas um ponto pode ocultar a emergência de desafios que seriam localizados em outras varas.

O ideal é partir para a implantação em sistema de piloto, após breve homologação e treinamento dos usuários da unidade piloto, que também deverá ser escolhida entre as que têm maior tendência de colaborar com a implantação. Essa boa vontade é imprescindível para que a comunicação seja estabelecida e as soluções para os inevitáveis problemas sejam alcançadas.

Do ponto de vista da competência, a utilização em piloto reclama delimitação clara para evitar confusões com os atores externos. Além disso, é fundamental ter planos de contingência para os casos em que seja impossível o tratamento dos casos via sistema.

Preparação dos recursos humanos

Para a instalação de novo sistema, o primeiro passo é preparar os recursos humanos. São os servidores do Judiciário que darão vida ao sistema e, na falta deles e da sua boa vontade, qualquer iniciativa fracassará.

É necessário, portanto, que sejam abertas duas frentes para essa preparação: treinamento do pessoal da área de tecnologia da informação e treinamento de servidores da área fim quanto à configuração e uso do sistema.

O pessoal da área de TI deve estar preparado para instalar e manter o sistema, assim como encontrar, reparar e reportar erros. Nesse ponto, a comunicação é o grande fator determinante. O CNJ ofertou e prosseguirá oferecendo cursos para que o pessoal de TI se prepare para o uso do sistema. Além dessa capacitação, é importante que ao menos dois servidores de TI acompanhem a configuração do sistema para tirarem dúvidas dos servidores da área judiciária e busquem neles o esclarecimento daquelas relativas ao que se quer na configuração.

Na área judiciária, devem ser preparados servidores para as seguintes áreas: administração do sistema; administração de órgão julgador e uso em geral. A configuração da administração do sistema, por ocasião da instalação do PJe pelo CNJ, deve ser acompanhada pelos servidores da área responsável, o que dará uma substancial base de conhecimento. A administração de órgão julgador deverá ser preparada para multiplicadores, preferencialmente a começar pelos órgãos que funcionarem como piloto. Igual estratégia deve ser adotada quanto aos usuários.

Preparação do ambiente de tecnologia da informação

Um ambiente de tecnologia da informação adequadamente preparado tem significativo impacto sobre as impressões a respeito do sistema. Falhas, quedas e indisponibilidades podem dar a impressão de que um sistema é instável ou imprestável.

A equipe de tecnologia da informação do tribunal deve, portanto, preparar o ambiente de execução, tanto do ponto de vista de quem provê o sistema quanto de quem o utiliza.

Em razão disso, a Diretoria de Tecnologia de Informação do Conselho Nacional de Justiça, juntamente com os servidores líderes técnicos do projeto elaboraram as seguintes características para uma instalação ótima do sistema, sem embargo de ele poder funcionar em contextos mais modestos.

Ambientes dos usuários

Recurso

Descrição

Microcomputadores

Processador de 2 núcleos com 2.0 GHz/núcleo

2GB de memória RAM

2 adaptadores de vídeo (para utilização de dois monitores)

2 monitores de vídeo com resolução mínima de 1024×768

Leitora de cartão inteligente (smartcard) ou entrada USB para token criptográfico, conforme o hardware de certificados dos magistrados, servidores e auxiliares

Navegadores: Mozilla Firefox 3.5 ou superior; Microsoft Internet Explorer 8.0 ou superior; quanto aos demais, recomenda-se testar a versão mais recente. O uso em sistemas operacionais outros que não o MS Windows será liberado na versão 1.2.

Scanners

A quantidade de scanners e sua configuração devem ser estudadas de acordo com a demanda prevista de documentos a serem digitalizados nos ambientes dos tribunais.

Sala de atendimento

Instalação de sala para autoatendimento dos advogados que praticarão atos diretamente nas dependências do órgão julgador, inclusive com equipamentos para digitalização. Este equipamento deverá ter tanto a leitura de cartão inteligente quanto a entrada USB para token criptográfico

Links de comunicação

Recomenda-se a adoção, por ambiente, de link de 2Mbps, conforme a Resolução 90 do CNJ

Certificados A3 ICP-Br

Os usuários do sistema obrigatoriamente devem utilizar certificados ICP-Brasil A3 para assinaturas de documentos no sistema. Os certificados têm validade de 3 anos.

Ambiente dos equipamentos servidores

Recurso

Descrição

Servidores de aplicação

2 servidores de aplicação, cada um com a seguinte configuração:

2 processadores quad-core com 2.0GHz/núcleo

32 GB de memória RAM

75 GB de espaço em disco, preferencialmente em RAID 1 ou 5

2 interfaces SAN HBA de 8Gbps

2 interfaces de rede de 1Gbps

Sistema operacional linux ou unix-like

Java Runtime Environment versão 1.6

JBoss Application Server versão 5.0.1.GA

Certificado A1 ICP-Brasil

Servidores de banco

de dados

2 servidores de bancos de dados, configurados como master e slave, instalados, cada um, com a seguinte configuração:

2 processadores quad-core com 2.0GHz/núcleo

32 GB de memória RAM

75 GB de espaço em disco do sistema operacional, preferencialmente em RAID 1 ou 5

2 x 2 TB de espaço em disco para os arquivos do sistema gerenciador de banco de dados, um para cada banco de dados do PJe, preferencialmente em RAID 5.

2 interfaces SAN HBA de 8Gbps

2 interfaces de rede de 1Gbps

Sistema operacional linux ou unix-like

Java Runtime Environment versão 1.

PostgreSQL 8.4.1 ou, na versão de março, Oracle 11g

Links entre os

equipamentos servidores

O ideal é que os equipamentos servidores estejam interligados em rede de altíssima velocidade, se possível por meio de barramento de fibra ótica.

Observações:

  • Os servidores de aplicação podem ser máquinas virtuais
  • Sugere-se não virtualizar os servidores de bancos de dados
  • As interfaces SAN somente são necessárias caso sejam utilizados storages
  • O espaço em disco indicado para os sistemas de bancos de dados pode ser suprido por storages de alta performance ligados em SAN ou em serviços de CAS transparentes para os CDBs
  • O espaço em disco indicado para armazenamento do banco de dados de arquivos binários pode ser suprido por storages ligados em rede TCP