Os magistrados têm consciência da importância de se adotar medidas de precaução e segurança em suas postagens nas redes sociais. Por isso, afirmam tomar uma série de cuidados ao publicar ou comentar conteúdo nas plataformas. As redes sociais mais acessadas e as formas de utilização pelos membros da magistratura estão refletidas nos resultados da pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apresentados nesta terça-feira (26/11), no XIII Encontro Nacional do Poder Judiciário, em Maceió. Confira aqui a íntegra do levantamento.
Durante 17 dias de maio, a pesquisa colheu a opinião de 3.519 magistrados, o que equivale a uma participação voluntária de quase 20% da magistratura brasileira. Por meio de e-mail, os magistrados manifestaram preocupação quanto a quem tem acesso a suas publicações: 64,3% deles só permitem que amigos acessem seus perfis e 35,7% restringem o acesso a familiares.
Apenas 15,5% dos magistrados que responderam à pesquisa mantém perfis públicos, sem limites de acesso para desconhecidos. Outra preocupação da categoria é relativa à exposição do vínculo funcional nas redes. Embora 80,6% dos respondentes se identifiquem pelo nome próprio, não revelam que são juízes.
Comentários
A interação com publicações também merece atenção dos magistrados: 73,4% dos magistrados respondentes afirmaram utilizar medidas de segurança ao postar ou ao comentar nas redes sociais. A maioria absoluta dos magistrados que participaram da pesquisa – 87% – responderam que já aconselharam ou advertiram a parentes em relação ao uso das redes sociais. Praticamente a metade dos ouvidos na pesquisa – 46% – proíbe familiares e amigos de os marcarem em postagens (comentários e fotos).
Apesar de 97% deles dizerem que usam as redes sociais para finalidades pessoais, 48% as utilizam para fins profissionais e consideram que as questões profissionais são a segunda maior vantagem de sua utilização. Quanto ao conteúdo, embora a maioria deles (59%) tenha afirmado compartilhar principalmente conteúdo relativo a hobbies e interesses pessoais, 46% também publicam sobre informações públicas e atualidades e 43% sobre questões jurídicas.
Razões
Entre os motivos apontados para tanta cautela no uso das plataformas de relacionamento, estão as possíveis ameaças à segurança do magistrado e de suas famílias (62,9%). Falta de privacidade (56,7%) e o perigo de se tornar vítima de abuso online (45,6%) a possibilidade de comportamentos antiéticos (39,5%) foram apontados como um risco pelos magistrados usuários de redes sociais.
Alcance
Um fenômeno de alcance internacional, as redes sociais mobilizam 42% da população mundial a manter perfis ativos. No Brasil, o percentual é ainda maior: 62%. Entre os magistrados que responderam ao questionário, 86,9% deles afirmaram utilizar os aplicativos de mensagens privadas como WhatsApp, Telegram e Imessage. Redes sociais de música (Spotify, Apple Music) ficaram em segundo lugar da preferência (58,3%), seguidos por Instagram (54,7%) e o Facebook, a rede social mais utilizada no mundo segundo pesquisas internacionais recentes, é a quarta plataforma mais utilizada pela magistratura (52,8%).
“O que nos chamou a atenção foi a informação de que poucos de capacitaram no assunto, mesmo considerando alto os riscos que as redes sociais trazem. Eles admitiram não conhecer as opções de restrição para aumento de privacidade e nem conversam com suas famílias sobre o assunto. Observo aqui um bom espaço para trabalhar e criar mais cursos de capacitação”, afirmou Carl Olav Smith, juiz auxiliar da Secretaria Especial de Programas, Pesquisas e Gestão Estratégica da Presidência do CNJ.
Manuel Carlos Montenegro e Paula Andrade
Agência CNJ de Notícias