A solenidade de abertura da 16ª edição da Semana Justiça pela Paz em Casa, aconteceu na manhã desta segunda-feira (09), no Salão Pleno do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). O evento contou com a participação da presidente do Conselho Administrativo do Magazine Luiza e presidente do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano, que falou sobre a participação da iniciativa privada no combate à violência doméstica contra a mulher. Também esteve presente a economista e idealizadora do projeto “Mulheres Superando o Medo”, Isabel Berlink, programa que busca promover a autonomia financeira de mulheres vítimas de violência.
O desembargador Fernando Zardini Antonio, supervisor das Varas Criminais e de Violência Doméstica e Familiar, ressaltou que o Poder Judiciário busca através de eventos como esse trazer mais parceiros, trazer pessoas que possam ajudar através desse movimento que quebra a inércia e passa a ser pró-ativo, a contribuir com as mudanças de cenário relacionadas à violência doméstica.
“Hoje nós estamos aqui num misto de felicidade e expectativa. Mais um evento que fazemos – fazemos três eventos por ano – relacionado à Justiça pela Paz em Casa. Felicidade porque a cada evento que fazemos aumenta o número de participantes, de pessoas engajadas, preocupadas, comprometidas com a mudança de cenário, não apenas em nosso Estado, mas que possa através de nosso Estado também servir de exemplo para o nosso País, como tive a oportunidade de ver em tantas outras situações. E expectativa de que, através de exemplos como esse, nós possamos também colher frutos cada vez mais positivos para nossa realidade, para o futuro dos nossos filhos e filhas, as próximas gerações”, disse o desembargador.
A juíza da coordenadoria estadual da mulher em situação de violência doméstica, Hermínia Maria Silveira Azoury, também agradeceu a todos os parceiros e autoridades presentes, que estão envolvidos no grande desafio que é o combate à violência doméstica e familiar contra a mulher.
“Toda semana nacional é uma semana que me emociona, pelo fato da gente fazer os projetos para que as mulheres se sintam realmente protegidas pelo Poder Judiciário, junto com o Poder Legislativo e o Poder Executivo. Muito obrigada pela presença, vocês são muito importantes para nós, é por isso que nós estamos agradecidas, eu particularmente me emociono. Muito obrigada”, falou a magistrada.
O juiz assessor especial da Presidência do Tribunal de Justiça, Thiago Albani Oliveira Galvêas, em nome do presidente do TJES, desembargador Ronaldo Gonçalves de Sousa, que não pôde estar presente, destacou que o Tribunal de Justiça sempre apoiou e continuará apoiando as ações de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher, e parabenizou a juíza Hermínia Azoury e o desembargador Fernando Zardini, e todos os envolvidos na realização do evento.
A importância da iniciativa privada no combate à violência doméstica contra a mulher
Para a empresária Luiza Helena Trajano, a força masculina e feminina fazem parte da dinâmica de grupo. Mas, a gente não pode aceitar uma mulher ganhar menos só porque ela é mulher. “A luta não é só minha, a luta é de todos os homens que tem netos e netas, a gente não pode aceitar não subir no emprego porque teve um bebê”, exemplificou.
Luiza destacou que sabia que a cada duas horas uma mulher era morta no País, e que era muito triste, mas era uma realidade muito longe dela. Até que há 3 anos a gerente de uma loja no Estado de São Paulo foi morta pelo companheiro. “Naquele dia mesmo eu fiz um filme para todos os funcionários, fui para a TV Luiza, fui para o You Tube, e criei imediatamente um canal interno da mulher dentro do Magazine. Logo em seguida, a gente criou um disque denúncia especificamente para denúncia da mulher vítima de violência”.
A empresária também contou que outra coisa que deu muito certo foi envolver os homens. Então, desde o começo os funcionários foram incentivados a ajudar e os casos passaram a ser acompanhados de perto. Para os empresários, Luiza ressaltou que as ações de combate à violência contra a mulher são baratas, já o funcionário que sofre violência custa caro para a empresa, porque ele não produz, e por fim, o mais importante, quando ele assume, o próprio companheiro sabe que ele tem uma cobertura da empresa.
No Grupo Mulheres do Brasil, do qual é presidente, a convidada disse que o primeiro comitê formado foi o de combate à violência contra a mulher, e que, atualmente, outros comitês foram criados, como o incentivo à igualdade racial. Portanto, a luta é grande e necessita de todos, homens e mulheres.
“Mulheres do Brasil é um grupo hoje com quase 40 mil pessoas, algumas de São Paulo e do Espírito Santo estão aqui hoje. Nós já estamos em mais de 50 cidades, em 12 países, com mulheres brasileiras que moram fora do País. É um grupo que nasceu com dois objetivos muito certos, fazer acontecer e não reclamar. E é totalmente apartidário”, explicou.
Durante o evento, a economista e idealizadora do programa “Mulheres Superando o Medo”, Isabel Berlink, ainda apresentou os resultados da primeira turma do projeto, que busca promover a autonomia financeira de mulheres vítimas de violência.
Desenvolvido pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comvides) em parceria com o Instituto de Inovação Win, o projeto consiste em atendimentos individuais, levantamento de demandas psicológicas e encaminhamento para o Centro de Atendimento à Vida (CAV) e para o Centro de Referência Especializado em Atendimento à Mulher Vítima de Violência em Vila Velha (CRANVIVE).
A vice-governadora do Espírito Santo, Jaqueline Moraes, que compôs a mesa de abertura, também apontou a importância do empreendedorismo feminino e a participação do Programa Agenda Mulher, desenvolvido pelo Governo do Estado, com este mesmo propósito. “Quando as pessoas produzem, principalmente as mulheres, elas saem daquela linha tão massacrante que é a falta de autonomia feminina, e conseguem enxergar as situações de violência que às vezes convivem no dia a dia”, disse.
Atendimento a mulheres vítimas de violência
Entre os dias 10 e 13 de março, o ônibus rosa do Juizado Itinerante da Lei Maria da Penha estará em frente ao Fórum da Prainha, na Praça Otávio Araújo, em Vila Velha. Nele serão oferecidos serviços de atendimento com assistentes sociais, com psicólogas do Instituto Psicologia para Todos e com advogadas voluntárias da OAB-ES. Nos casos em que se fizer necessário também ocorrerá a expedição de Boletins Unificados (BU) e Medidas Protetivas.
Fonte: TJES