Presos e presas das unidades inspecionadas reclamaram aos juízes do mutirão da alimentação. Enquanto na maioria dos estados é comum ouvir queixas dos detentos em relação à qualidade da comida, em Goiás, vários presos relataram que, muitas vezes, a alimentação é insuficiente. O problema é tão generalizado no estado que a saída encontrada foi institucionalizar uma prática chamada “Cobal”, em que a direção das unidades autoriza as famílias a levar comida, roupas e medicamentos à população prisional.
Além disso, diversos estabelecimentos têm cantinas administradas pelos próprios detentos. Em algumas unidades, presos disseram que não recebem café da manhã – em alguns casos, somente um pedaço de pão seco. Na Cadeia Pública de Caçu, o estado fornece apenas uma refeição diária. A prefeitura se encarrega das outras duas. Para o juiz Alberto Fraga, o quadro da alimentação evidencia a incapacidade em manter o sistema prisional por parte do Estado, que tolera a privatização do espaço público e a circulação de dinheiro dentro das prisões, o que propicia a corrupção.
“A disponibilização de pelo menos três refeições completas é medida indispensável e urgente. A ‘Cobal’ deve ser extinta, impedindo-se o ingresso de todo e qualquer objeto no interior das unidades, principalmente dinheiro”, recomenda o relatório do Mutirão Carcerário.
Manuel Carlos Montenegro
Agência CNJ de Notícias