Aos 46 anos, homem receberá o primeiro documento pessoal

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A Campanha de Mobilização pela Certidão de Nascimento, deflagrada em nível nacional pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e alavancada em Goiás pela Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ-GO), sob a coordenação do 4º juiz-corregedor, Wilson Safatle Faiad, têm, nesta semana, um personagem comovente: ele sabe apenas que se chama Jairo, nasceu em 1964, no interior do estado do Tocantins e vai, pela primeira vez na vida, ter um documento pessoal. Jairo foi alcançado pela campanha e procurou a CGJ no final da semana passada informando seu interesse de finalmente fazer sua documentação.

“Com o apoio do pessoal da igreja que frequento, fui para a Corregedoria, mas tremendo de medo e morrendo de vergonha. Me considerava um fora-da-lei, pensei que teria de pagar muitas multas e que corria sérios riscos. Somente chegando lá fui informado de que as coisas eram mais simples. Então me dei conta de quanto tempo perdi”, relata Jairo, que nesta quarta-feira (09/02), às 15h, no 2º Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Notas de Goiânia, vai receber das mãos do registrador Antônio do Prado, sua primeira carteira de identidade.

“Vou querer fazer tudo o que tenho direito: votar, me casar oficialmente, consultar no Sistema Único de Saúde (SUS), ter CPF e, principalmente, não correr o risco de ser enterrado como indigente”, comemora. Jairo não sabe explicar como chegou aos 46 anos de idade sem seus documentos. “Meus pais já morreram, meus irmãos estão perdidos aí no mundão. Nunca fiz consulta de médico nem dentista, nunca votei, nunca tive conta no banco, nada, absolutamente nada disso. Um dia, pensei: eu existo para Deus, mas não existo para o homem, isso precisa mudar. E foi então que tomei essa decisão de confessar tudo”, comenta Jairo, como quem relata um crime.

Para sobreviver, Jairo sempre trabalhou em plantações, como meeiro, condição à qual atribui o fato de nunca ter necessitado de carteira de trabalho ou conta no banco. Mas mesmo ele se impressiona por nunca ter encontrado empecilhos maiores em razão da falta de documentos. “Já viajei entre os estados e nunca me pararam, nunca me pediram documentos. E assim, fui vivendo. Isso me incomodava, mas eu achava que seria muito complicado”, salienta.

 

Fonte: Comunicação da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Goiás