Atenção a vítimas de violência doméstica dá resultados em MT

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O acompanhamento in loco de vítimas de violências domésticas, com assistência social, médica e jurídica faz parte de uma das três etapas do Projeto Fonte de Água Viva, desenvolvido pela 2ª Vara Especializada de Violência Doméstica e da Família contra a Mulher em Mato Grosso. Raquel Brás Cavalcante, 34 anos, vive com os três filhos, de 5, 12 e 13 anos, e foi visitada por uma equipe do Judiciário, cujo objetivo é dar apoio e garantir segurança aos casos apontados como mais vulneráveis.

Raquel foi casada por 13 anos e sofria com agressões constantes promovidas pelo marido, que passou a consumir álcool e drogas. Ela relata que a violência passou a ser frequente e os filhos mais velhos acabaram indo morar com a avó para fugir dos maus-tratos. O quadro de agressão terminou há seis meses, quando ela denunciou o ex-marido à Justiça. O homem passou 90 dias preso e está em liberdade há três meses.

Para a mulher, a saída do marido de casa mudou a sua vida para melhor. As crianças voltaram a viver com ela e na casa simples não falta o essencial: harmonia. Raquel trabalha com serviços gerais, procura não faltar ao trabalho para se beneficiar com cesta de alimentos e outros benefícios cedidos a quem se dedica. “Eu pedia que ele fosse embora, mas isso não acontecia e, toda vez que bebia, me batia. As agressões eram quase diárias. Mas desde que saiu da cadeia não incomodou mais. Está tranquilo. Foi para a igreja e trata bem as crianças”, disse.

Vulnerabilidade – Embora Raquel sustentar que não precisava de assistência, a equipe do juiz da 2ª Vara, Jeverson Quinteiro, doou uma cesta básica à família. A assistente social Solange Brandão acompanha a família desde o primeiro atendimento e afirma que as visitas são importantes, pois se trata de um caso de vulnerabilidade, agravado por questões emocionais. “Vemos uma melhora significativa no quadro familiar. As crianças voltaram para casa, onde vivem melhor. Mas não vamos deixar de fazer as visitas até que a família esteja bem fortalecida”, afirmou.

Conforme Raquel, a preocupação da Justiça em visitar e saber como está garante segurança. “É bom saber que as pessoas estão preocupadas com a gente. Ainda bem que ele melhorou, está atencioso com as crianças. Não quero retomar o casamento, mas acho importante ter uma relação de amizade com meu ex-marido, que é pai das crianças. O mais novo sente muita saudade dele. Quero que ele possa visitar quando sentir vontade”, comentou.

Essa tentativa de proximidade levou a vítima a pedir para o magistrado suspender a medida protetiva que impede a aproximação do ex-marido com a família. O juiz explicou que vai avaliar a situação e verificar se a suspensão da ferramenta de proteção deixará a mulher e os filhos em segurança. Orientou que mesmo se a medida for suspensa, Raquel tem direito a fazer novo pedido, caso se sinta ameaçada.

Fonte: TJMT