Detentos de Goiás e Santa Catarina atuam na produção diária de mais de 50 mil camisetas e outras peças de malharia. São 127 homens e mulheres que agarraram a chance de reconstruir a vida por meio do trabalho. O voto de confiança foi dado a eles pela Cia. Hering, que há dez anos desenvolve atividades de reinserção social. Em 2010, a empresa recebeu do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o Selo do Projeto Começar de Novo, conferido a entidades que se destacam nesse tipo de ação.
A Cia. Hering ocupa um dos sete galpões que instituições públicas e privadas montaram no Complexo Industrial de Aparecida de Goiânia, situado no Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia. No local, 60 detentos contratados pela empresa são encarregados de colocar etiquetas e embalar as peças de malha. Outros 60 exercem as mesmas atividades no Presídio de Anápolis, também em Goiás.
Em cada uma dessas duas frentes é feito o acabamento de 25 mil peças por dia. Elas chegam às unidades prisionais após a primeira fase de produção, que ocorre nas plantas fabris da empresa em Goiás.
Em Santa Catarina, no município de Blumenau, sete cumpridores de pena do regime semiaberto, autorizados para o trabalho externo, deixam o presídio local para trabalhar na unidade Itororó da empresa ao lado de outros empregados.
A ação em Goiás resulta de convênio entre a Cia. Hering e a Agência Goiânia do Sistema de Execução Penal (Agsep), vinculada à Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e Justiça. Em Blumenau, a parceria da empresa é com o governo do estado de Santa Catarina. Nos dois estados, os detentos são remunerados e, conforme a legislação penal, têm o tempo da pena reduzido em um dia a cada três trabalhados.
Nos últimos dez anos, a Cia. Hering deu oportunidades de trabalho a um total de 600 detentos. Segundo Cláudio Schwaderer, gestor de operações em Goiás, a responsabilidade social sempre foi prioridade nas diretrizes da companhia ao longo de seus 133 anos.
“Hoje somos uma empresa com, aproximadamente, 8.500 colaboradores e um papel bastante relevante junto à comunidade onde atuamos. Com o pensamento de que nossas ações reverberam junto à sociedade ao nosso entorno e alinhados à necessidade de mão de obra para atender à demanda da empresa, passamos a trabalhar neste projeto com detentos que atuam no acabamento de nossas peças. E isso vem dando muito certo”, afirmou o gestor.
“Hoje, nosso trabalho de reinserção social funciona muito bem. Temos o respeito e a satisfação dos detentos, que não querem parar de atuar nesse sentido. Para nós, da companhia, o resultado também é positivo, pois, além da garantia da nossa produção e também da conservação da nossa cadeia de suprimentos, é satisfatório saber que estamos contribuindo socialmente com nosso País, ajudando famílias inteiras. Não pretendemos parar”, acrescentou Cláudio Schwaderer.
O CNJ criou o Selo do Projeto Começar de Novo por meio da Portaria n. 49, de 30 de março de 2010. Essa outorga está relacionada ao Programa Começar de Novo, do Conselho, que administra, em nível nacional, oportunidades de capacitação profissional e trabalho para detentos, egressos do sistema carcerário, cumpridores de penas alternativas e adolescentes em conflito com a lei. A Cia. Hering foi uma das primeiras instituições a receber o selo.
No CNJ, o setor responsável por atuar junto ao sistema prisional é o Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF). Além do Começar de Novo, o DMF coordena nacionalmente os programas Mutirão Carcerário e Justiça ao Jovem, voltados, respectivamente, a detentos e adolescentes em conflito com a lei.
Jorge Vasconcellos
Agência CNJ de Notícias