Escola do TJSP inicia segunda edição de núcleo de estudos sobre história da Justiça

Você está visualizando atualmente Escola do TJSP inicia segunda edição de núcleo de estudos sobre história da Justiça
FOTO: TJSP
Compartilhe

Com debate sobre o tema “Justiça e Império: Portugal e o ultramar nos séculos XVI a XIX”, teve início na sexta-feira (18/2) a segunda edição do Núcleo de Estudos em História e Memória, realizado como extensão universitária pela Escola Paulista da Magistratura, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). A exposição inaugural foi ministrada pelo professor Nuno Camarinhas, da Universidade Nova Lisboa.

O diretor da Escola, desembargador José Maria Câmara Júnior, fez o lançamento do segundo volume da coletânea História e Memória, que reúne, em duas edições dos Cadernos Jurídicos, 25 artigos de integrantes da primeira edição do Núcleo de Estudos em História e Memória. Coordenadora do Núcleo, a desembargadora Luciana Almeida Prado Bresciani ressaltou o intercâmbio de conhecimentos alcançado na primeira edição do núcleo e sua relevância institucional.

Ela adiantou que, na nova edição, além dos encontros mensais, serão desenvolvidos três módulos temáticos relacionados às bibliotecas, museus e arquivos. “Pretendemos valorizar ainda mais os relevantes assuntos relacionados à história e memória do patrimônio cultural do Tribunal de Justiça para o aprimoramento da instituição e o fortalecimento da sensação de pertencimento que deve estar presente em cada magistrado e servidor.”

História

Nuno Camarinhas apresentou um panorama sobre a Justiça em Portugal e em suas colônias desde o século XVI até o século XIX, destacando o papel central da Justiça, sua especialização precoce em relação a outros reinos europeus e a seleção técnica dos magistrados. Ele lembrou que o Antigo Regime era baseado na centralidade do Direito e que o rei era o juiz supremo, responsável por estabelecer ou administrar a Justiça, e era coadjuvado por juristas, que passaram a adquirir formação especializada nas universidades a partir da Idade Média e a ocupar um lugar central junto ao monarca.

Camarinhas retratou também a ampliação e a descentralização da jurisdição, exercida pelos juízes letrados nomeados pelo rei, lembrando que nesse período não havia uma distinção entre os poderes e os juízes concentravam diversas capacidades, incluindo funções administrativas cotidianas como garantir a qualidade da água das fontes ou quantidades suficientes de sementes em uma vila.

O professor salientou a importância de estudar a Justiça desse período para repensar algumas noções, como o absolutismo na Idade Moderna, frisando que a presença do rei era difusa e limitada, diante da dificuldade de se chegar a diferentes pontos do território, e que o poder era delegado àqueles que aplicavam o Direito régio nas jurisdições. E ainda destacou a existência, em outras partes do território, da Justiça administrada por senhores donatários e pelos juízes ordinários, eleitos, que não conheciam o Direito Romano e que muitas vezes nem sabiam ler.

Fonte: TJSP

Macrodesafio - Fortalecimento da relação interinstitucional do Judiciário com a sociedade