Conciliar é muito mais que firmar um acordo, é buscar a pacificação social, é consolidar boas práticas que podem fazer a diferença para tornar o mundo melhor, com mais gentilezas e menos violência. Esse é o entendimento da juíza Carmen Oliveira Carvalho, titular da 10ª Vara de Juizado Especial Cível, que vem adotando uma prática simples ao final das audiências de conciliação, mas que vem apresentando bom resultado: a doação ikebanas (pequenos arranjos florais) às partes em litígio. “A primeira reação das partes é de surpresa, e a segunda, é um sorriso”, disse a magistrada.
O advogado Sylvio Novoa, que atua em causa própria contra uma instituição bancária, considerou a iniciativa da magistrada muito válida. “Esse gesto demonstra a humanização da Justiça com o jurisdicionado”, observou. Para a advogada Larissa Cordovil, que representava a instituição bancária na audiência, o clima criado com a iniciativa harmoniza o ambiente e favorece o entendimento, “além de ser bastante agradável”. A audiência somente não encerrou com um acordo devido a um detalhe que dependia de uma procuração.
Nas audiências em geral, não só as referentes à Semana Nacional da Conciliação, a magistrada sempre destaca a importância de cada cidadão para a construção de uma sociedade justa e solidária, com a garantia do desenvolvimento do país, erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais, e para a promoção do bem de todos sem qualquer forma de discriminação. Segundo a juíza Carmen Oliveira Carvalho, as premissas estão na Constituição Federal, em seu artigo terceiro, “e para construirmos essa sociedade, é preciso organizar nossa convivência, e a lei serve para isso, para organizarmos nossa convivência e vivermos em harmonia. O cidadão precisa entender que a lei está para protegê-lo e não para feri-lo”.
Com a oferta de flores às partes, a juíza busca demonstrar às pessoas que elas têm importância para a Justiça e para a sociedade, e que são um instrumento de transformação para uma sociedade melhor. “O jurisdicionado é um bem valoroso e importante. A proposta é de incutir as práticas altruístas, que pode ser simples como oferecer flores, abrir uma porta, reconhecer que precisamos do outro e que também somos importantes para outras pessoas. Que se queremos paz, temos que agir proativamente em busca dessa paz. O objetivo último da justiça é estabelecer a paz social e, para isso, temos que tratar o homem em toda sua inteireza”, concluiu a juíza.
Fonte: TJPA