Justiça alagoana aplica técnica da constelação familiar em audiências

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Desde o fim do ano passado, o Judiciário de Alagoas tem empregado em audiências de conciliação a técnica da Constelação Familiar. Método criado pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, nele ouve-se as partes para coletar informações pessoais que possam identificar a origem dos conflitos. Assim, o conciliador percebe a história que cerca o indivíduo, sua relação com os pais e avós, por exemplo, assim como tragédias e emoções escondidas.

“Para o magistrado conciliar, mediar e entender o que está acontecendo, muitas vezes é necessário se despir da toga para que ele encurte a distância entre as partes e ganhe confiança”, explicou o juiz Yulli Roter Maia. Todas as audiências em que o método foi empregado no estado obtiveram acordo, segundo o magistrado.

Em uma dessas audiências, realizada na segunda-feira (14/3), no fórum da capital, evitou-se o divórcio do seu Zezito de Andrade, 58 anos, e da dona Josefa Justino, de 60 anos. “Meu marido deu entrada no divórcio porque é muito aperreado, mas ele não consegue ficar longe de mim e eu cuido e gosto dele também”, disse dona Josefa. Seu Zezito saiu da audiência emocionado. “Estava nervoso no começo, mas agora estou feliz. Foi muito bom”, disse.

Visão mais humana – A audiência foi conduzida pelo juiz Roter no Centro Judiciário de Solução de Conflitos (CJUS), no Barro Duro. “A gente toca coisas profundas, as pessoas vivenciam uma emoção muito forte. É importante que nós, juízes, tenhamos uma visão mais humana, porque o objetivo não é solucionar processos, mas solucionar conflitos entre as pessoas”, destacou o magistrado. Participaram ainda o juiz Cláudio José Gomes Lopes e a psicóloga Maria Aragão.

O desembargador Domingos de Araújo Lima Neto, do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NJUS), compartilha da ideia. “O Judiciário não deve se preocupar apenas com as demandas, mas principalmente com as pessoas”, reforçou. Segundo ele, os casos submetidos ao método da Constelação Familiar são os que não tiveram acordo por meio das técnicas tradicionais de conciliação e mediação. “É algo ainda recente que queremos expandir na Justiça de Alagoas. Esse modelo já é usado na Bahia, no Pará e em outros estados e vem obtendo resultados positivos”, observou.

Fonte: TJAL