A mediação já é assunto comum nas rodas de conversas dos advogados e de quem procura o Judiciário gaúcho. De 2010, ano da Resolução CNJ 125 para cá, muitas pessoas têm relatado que conseguiram restabelecer comunicação graças à autocomposição. Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, a mediação ajudou a melhorar até as relações de trabalho dos terceirizados responsáveis pela limpeza do foro local que se sentiam desmotivados.
Havia discórdias internas e, como reflexo das dificuldades no relacionamento, o serviço não agradava aos que frequentam as salas de audiência. “As reclamações eram muitas. Vinham deles próprios (terceirizados), do pessoal que vem ao Foro, e até de nós, servidores. Sentimos que poderíamos fazer algo, mas escutá-los, apenas, não estava adiantando”, conta Alexandra Bonow, servidora responsável pela gestão de pessoas na direção do foro.
O diretor do foro, juiz Marcelo Malizia Cabral, sugeriu a mediação para reaproximar os funcionários. “Existem muitas formas de abordar um conflito. O método tradicional seria o diretor do foro reunir os funcionários para dizer como seriam as regras dali por diante. Mas a nossa reunião foi para oferecer que eles mesmos criassem suas regras de convívio, através de uma facilitação de mediadores”, lembra Malizia, que coordena o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) de Pelotas.
Reconhecimento – “Fomos para a reunião com os mediadores, achando que teríamos uma palestra ou uma aula de boas maneiras, mas eles perguntaram como era o nosso trabalho, como nos sentíamos nele, o que fazíamos além do trabalho. Isso me fez me sentir reconhecida”, contou uma funcionária, que preferiu não se identificar.
Os mediadores Marta Palmeira e Henrique Souza e Silva, que conduziram os encontros, dizem que se reuniam para criar ou adaptar dinâmicas de aproximação, conforme evoluíam os diálogos. “Melhoraram seus comportamentos, tanto no trabalho quanto nas suas relações interpessoais, as quais foram sendo cada vez mais perceptíveis por todos, conforme nos relataram”, analisa a mediadora Marta.
“Nós mediadores nos assemelhamos aos andaimes numa construção: nossa função é auxiliar a que haja crescimento e evolução. Quando acaba a obra, saímos de cena e deixamos o protagonismo a quem realmente importa”, compara Souza e Silva. Os encontros, que duraram cerca de três meses, tiveram como ápice um café de confraternização, com alimentos preparados pelos próprios funcionários.
Fonte: TJRS