Uma análise comparativa, realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) a partir de números das quatro últimas eleições, aponta para um dado preocupante: se é fato que o número de ausência às urnas vem crescendo nos últimos pleitos eleitorais, ela se revela ainda maior nas eleições gerais – aquelas que, como neste ano, põem o cidadão diante da escolha dos seus futuros deputados estaduais e federais, senador, governador e presidente da República.
Ao comparar-se apenas as duas últimas eleições realizadas no país, é possível detectar que em 2010, quando foi realizado o último pleito geral, deixaram de votar 2.057.633 eleitores em toda a Bahia, ou seja, 21,55% dos 9.544.368 aptos a comparecerem às urnas naquele ano. Em 2012, quando as eleições foram para escolha de prefeitos e vereadores, o percentual de ausência caiu para 18,27%, apesar de o número de eleitores ser bem maior: 10.110.122 pessoas.
Diante dos números, o Coordenador de Eleições do TRE-BA, Maurício Amaral, ressalta que o índice de abstenção nas eleições gerais é em média 4% maior do que nas eleições municipais. Segundo ele, em um eleitorado de pouco mais de dez milhões, como é o caso da Bahia, isso representa mais que todos os eleitores de Feira de Santana (387.768 pessoas) ou quase duas vezes os de Vitória da Conquista (224.637).
Imediatismo
O servidor atribui o fenômeno ao fato de o eleitor se identificar mais com a disputa municipal, onde são trazidas demandas locais, compreendendo, portanto, uma realidade mais imediata. Para ele, enquanto na eleição geral o eleitor muitas vezes nunca viu o candidato, só o conhecendo pela TV, numa eleição para governador e presidente da República o impacto é tão profundo para a vida do cidadão quanto a de prefeito.
Outro agravante é que, além da ausência às urnas, há de se levar em conta os votos brancos e nulos esperados em todas as eleições. Para o Presidente do TRE-BA, Desembargador Lourival Trindade, a consequência das eleições gerais para a vida do cidadão é ainda mais forte do que a municipal. “As decisões de um presidente da República, por exemplo, dizem respeito à economia do país, a questões mais abrangentes, que impactam a nação como um todo”, pontua.
Tabela comparativa das abstenções desde 2006
Eleição | Eleitorado total | Abstenção |
2006 | 9.109.353 | 1.884.249 (20,68%) |
2008 | 9.153.629 | 1.333.247 (14,56%) |
2010 | 9.544.368 | 2.057.633 (21,55%) |
2012 | 10.110.122 | 1.848.038 (18,27%) |
Fonte: TRE-BA