O combate à violência contra a mulher ganha destaque neste Carnaval com a campanha preventiva lançada pelo Poder Judiciário de Mato Grosso, que busca maior conscientização das vítimas e agressores. Encabeçada pela Primeira Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Cuiabá, a iniciativa visa diminuir a agressão física e emocional vivenciada por mulheres e crianças, bem como incentivar as denúncias. Ao público, a campanha preventiva chegará por meio de anúncios em jornais e mídias em rádios.
Conforme a juíza Ana Cristina Silva Mendes, titular da referida vara, a campanha tem foco dirigido para uma área que por muitos anos não recebeu a devida atenção. A magistrada destaca que é importante as mulheres não aceitarem nenhum tipo de agressão contra ela ou contra seus filhos, diante do pretexto do marido de que ficou agressivo porque bebeu.
“Nós queremos que as famílias levem para dentro de casa a alegria do Carnaval, e não os desentendimentos, a discórdia, a violência. O homem que sai de casa e volta bêbado ou drogado, querendo bater na esposa e nos filhos, deve ser denunciado. A mulher não pode aceitar como desculpa o uso do álcool ou do entorpecente”.
A magistrada aproveita as campanhas contra a direção perigosa e faz um trocadilho. “O que devemos ter em mente é ‘Se beber, não agrida’. Carnaval é uma época de alegria e é isso que devemos cultivar”, orienta Ana Cristina, destacando ainda que em caso de qualquer tipo de violência a mulher deve buscar uma delegacia ou o Centro Integrado de Segurança e Cidadania (CISC).
Com intuito de tranquilizar as vítimas, a juíza garante que o agressor denunciado é preso e não será liberado facilmente, situação que evita mais violência. “Mesmo os juízes de plantão que não atuam na área da violência doméstica têm mantido as prisões para este tipo de crime. Hoje os homens estão cientes de que é mais fácil ficar livre se cometer um furto do que se bater na esposa”, pontua.
A juíza Ana Cristina Silva Mendes aponta que o comportamento da mulher em relação ao problema é fator decisivo para cessar qualquer tipo de violência. “Sempre comento que ninguém faz com você o que você não permite. É por isso que existe a necessidade de por um basta nas agressões logo no início das relações. Tem que denunciar, não precisa ficar com medo”, destaca a magistrada.
Fonavid – Em 25 de novembro do ano passado, a juíza Ana Cristina Silva Mendes tomou posse como presidente do IV Fonavid – Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Na ocasião, a magistrada revelou que buscaria fortalecer as ações relacionadas às Varas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. “Estaremos mais envolvidos nas ações das coordenadorias de Violência Doméstica em todo o país que estão sendo implantadas. O fórum foi muito produtivo, sobretudo nos pontos divergentes da aplicação da Lei Maria da Penha, além da troca de experiências que enriquece muito nosso principal objetivo que é acabar com a violência contra a mulher”, destacou a juíza à época.
Do TJMT