O “EITA – Mais que dados, informação estratégica” e o “Faxinajud” foram os dois projetos vencedores do primeiro ciclo de inovação colaborativa CNJ Inova. A maratona mobilizou mais de 500 profissionais de diferentes áreas do conhecimento para apresentarem soluções tecnológicas destinadas a aprimorar a produtividade, dar maior agilidade e qualificar a tramitação de processos judiciais no país.
O anúncio das soluções vencedoras foi feito nesse sábado (28/11), no encerramento do Demoday, segunda e última etapa do CNJ Inova. Durante o evento, transmitido pelo canal do CNJ no YouTube, as seis equipes finalistas apresentaram as versões definitivas dos projetos de ciência de dados e inteligência artificial em torno de dois desafios: tempo e produtividade; e inconsistência de dados nos sistemas dos tribunais para consolidação na Base Nacional de Dados do Poder Judiciário (DataJud).
Escolhida como vencedora do desafio 1, a “EITA – Mais que dados, informação estratégica” se destacou, segundo a Comissão Avaliadora Final, por apresentar uma ferramenta capaz de, a partir do DataJud, possibilitar o acesso a um fluxo inovador de identificação de padrões e comparação de processos, o que auxiliará o Poder Judiciário na identificação e percepção de problemas. “A ferramenta de previsão de fases foi um diferencial e fez essa solução se distinguir das outras duas finalistas e a colocou num patamar um pouco acima”, explicou o juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Fabio Porto.
O juiz José Faustino Macedo reforçou que o foco foi na mineração de processos para entregar ao gestor público uma ferramenta de acompanhamento e comparação dos fluxos de trabalho no Judiciário, fornecendo apoio na tomada de decisão. Segundo o integrante da equipe EITA, com a inteligência artificial empregada na ferramenta é possível mapear o ciclo de vida dos processos e identificar os gargalos existentes e ainda atuando de forma preventiva.
“Nossa ferramenta pretende impactar por meio da mineração de processos e possibilitar uma visão macro do Poder Judiciário, gerando insights sobre qual é o tribunal mais lento, o mais rápido, entre outros. A intenção é estimular reflexões e comparações através de variáveis próprias, como atuação. Além disso, promovermos o enriquecimento dos dados, pois agregamos outras bases públicas como socioeconômica e demográfica”, contou.
Compõem ainda a equipe o analista de sistemas e arquiteto de soluções Cleber Moura, o mestre em inteligência computacional e analista de sistemas Hadautho Roberto Barros, a arquiteta de dados Suely Batista e os gestores de tecnologia da informação Fabio Cruz e Luiz Henrique Seus.
Maturação de dados
A equipe “FaxinaJud” foi a vencedora do desafio 2. Eles desenvolveram uma solução baseada numa plataforma modular e interativa, com filtros e níveis de acesso, que contempla inicialmente panorama geral, mapeamento de inconsistências, validador de arquivos e verificação das correções. A ferramenta identifica automaticamente os principais problemas nos dados provenientes do Datajud.
“Como diferenciais na plataforma, destacamos a facilidade e eficiência na solução, já que os profissionais de diferentes tribunais podem submeter as correções ao mesmo tempo; a sugestão automática de correção; por ser modular, facilita o mapeamento de novas inconsistências ou que novas análises sejam adicionadas sem grande complexidade técnica; é desenvolvida com uma tecnologia que o CNJ já utiliza; e o baixo custo e facilidade de implementação e manutenção”, explicou o estatístico Bruno Daleffi.
Até o momento, a plataforma já está rodando com uma amostra de quase 100 mil processos, quase sem custos, e já foram mapeadas mais de 20 inconsistências diferentes. Além de Bruno Daleffi, fazem parte da equipe “FaxinaJud” o especialista em processamento de linguagem natural aplicadas ao Direito e à Economia André Assumpção, o cientista da computação Caio Lente e o estatístico Julio Trecenti.
O diretor do Departamento de Tecnologia da Informação do CNJ, Thiago Vieira, integrou a Comissão Avaliadora Final e destacou que eles levaram em consideração que o Judiciário necessita de um trabalho diário com agilidade em relação a construção de mecanismos de análise de inconsistências e novas funcionalidades de maturação do dado. “A solução da FaxinaJud foi escolhida por trazer maior capacidade de portabilidade, evolução, implantação e desenvolvimento colaborativo.”
Experiência
Para a juíza auxiliar da Presidência do CNJ Ana Lucia Andrade de Aguiar, todos os trabalhos apresentados durante o CNJ Inova foram de excelência. “Essa análise de dados interessa muito ao CNJ, que tem a vocação de reunir os dados dos tribunais, mas não tem todo esse conhecimento de análise destes profissionais. E juntos nós podemos somar esses trabalhos para o Poder Judiciário e também para a sociedade.”
Também integrante da Comissão Avaliadora Final, o juiz auxiliar da Presidência do CNJ Carl Smith reforçou a importância da parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e do apoio do Lab Griô e da Plataforma Shawee para a realização do CNJ Inova, que ao final deste ciclo de Inovação colaborativa formou 68 equipes que apresentaram 39 soluções tecnológicas.
As duas equipes vencedoras recebem um novo prêmio de R$ 40 mil, além do prêmio de R$ 20 mil por terem sido umas das seis equipes classificadas para o Demoday. A publicação do resultado final será feita no dia 7 de dezembro.
Alex Rodrigues
Agência CNJ de Notícias
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