Começar de Novo: presas do MA trabalham na confecção de uniforme esportivo

Compartilhe

“Não tinha noção nenhuma de costura e agora já sei fazer uma roupa do começo ao fim”, comemora Maria Inês dos Reis, que há um ano e três meses está presa por tráfico internacional de drogas no Centro de Reeducação e Inclusão Social de Mulheres Apenadas do Maranhão (Crisma), em São Luis (MA). Ela faz parte do grupo de 23 presas que começou a trabalhar, esta semana, na confecção de uniformes esportivos dentro do presídio, depois de concluírem o curso de corte e costura oferecido no início deste ano como parte do projeto Começar de Novo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O programa visa a reintegração de presos e egressos do sistema carcerário na sociedade e no mercado de trabalho.

Sem saber ler nem escrever, Maria diz que aos 40 anos finalmente aprendeu a acreditar em si mesma, depois de concluir o curso resultante de uma parceria entre o CNJ, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) e o Senai. Veja aqui a íntegra do termo de cooperação. “No início tive muita dificuldade para aprender a mexer com a máquina, mas agora já consigo fazer regata, blusa feminina e outras roupas”, conta animada. Com três filhos morando em São Paulo (SP) com a avó, Maria, que antes de ser presa trabalhava como empregada doméstica, já faz planos para montar seu próprio negócio quando terminar de cumprir os 17 anos de pena pelo crime que cometeu. “Vou comprar uma máquina e trabalhar em casa com reparos ou até mesmo fazendo roupas. Nunca mais quero voltar para esse mundo”, disse, se referindo à criminalidade.

Benefícios – Pelo trabalho as presas vão receber um salário, que ainda será definido, de acordo com a produtividade. Elizângelle Mota Brandão, 34 anos, já tem destinação certa para o dinheiro que receberá pelo serviço: vai mandar para os três filhos que ficaram em Manaus (AM). Presa há quase dois anos no Maranhão por tráfico de drogas, ela acredita que a experiência profissional dentro do presídio vai abrir as portas para novas oportunidades de emprego lá fora, quando terminar de cumprir sua pena, que é de quase seis anos.

“Vamos sair daqui com uma profissão, com mais chances de conseguir emprego em uma malharia”, comemorou Elizângelle, que antes de ser presa trabalhava como vendedora de cosméticos. A malharia do Crisma funciona de segunda a sexta-feira das 9h às 17h. Uma monitora do projeto Pintando a Liberdade do Ministério do Esporte coordena a produção dos uniformes que beneficiarão escolas públicas do Estado. Em uma fase inicial, as detentas estão preparando as máquinas de costura e fazendo os moldes das roupas, para, em breve, começar a produzir as peças. Além do benefício em dinheiro, para cada três dias de trabalho há a redução de um dia na pena.

Ressocialização – Segundo a supervisora do Crisma, Josiane de Oliveira Furtado, a iniciativa também está contribuindo para elevar a auto-estima das detentas. “Elas estão empolgadas com o projeto, pois a experiência vai auxiliá-las na reintegração ao mercado de trabalho e ao convívio social”, explicou. Além de produzir os uniformes esportivos, as detentas também vão produzir seus próprios modelitos para o 2º concurso “Miss Crisma”, previsto para acontecer no mês de dezembro.

 

MB/SR

Agência CNJ de Notícias